Por (*) João Bosco Leal
Todos sabem que quando ocorre um feriado
prolongado como o de agora, quando o verdadeiro feriado foi numa terça
feira, é muito comum as pessoas viajarem. Aliás, pensei que todos
soubessem, mas parece que não é o que está ocorrendo com os responsáveis
pela Secretaria de Turismo da cidade de Campo Grande, MS.
Recebendo uma visita vinda de outro
estado e que não conhecia a cidade, resolvi dar uma volta mostrando-lhe o
que tínhamos de diferente na cidade, antes de sair para algum outro
ponto turístico no interior.
Passeando pelo Parque das Nações
Indígenas, fui até o CRAS – Centro de Recuperação de Animais Silvestres,
que é um local onde a Polícia Militar Ambiental trata de animais
encontrados feridos nas estradas de MS ou apreendidos em cativeiros
irregulares, antes de reconduzi-los a seu habitat natural.
Para quem não conhece Campo Grande, esse
Parque possui centenas de hectares de preservação ambiental cercados,
com a vegetação ainda intocada pelo homem, com muitas árvores nativas e
por onde transitam muitos animais nativos como Quatis, Macacos, Araras,
Papagaios e dentro do CRAS é possível ver uma quantidade bem variada de
animais, o que imaginei ser interessante para um turista de um grande
centro urbano sem acesso a esse tipo de visitação em sua cidade.
Para minha surpresa, o CRAS estava
fechado, pois não funciona nas segundas feiras, e na portaria fui
informado pelo policial de plantão que lá só se poderia entrar com
horário previamente agendado. Incrédulo, estou até o momento sem
entender qual o raciocínio desenvolvido pelos responsáveis na
administração de uma atração turística como esta, que permitem que a
mesma fique fechada ou necessitando de agendamento para visitação no
meio de um feriado prolongado.
Com o turista frustrado, fui até outro
ponto interessante, o Museu José Antonio Pereira, que é o museu
instalado onde teoricamente foi construída a primeira casa da cidade, a
de seu fundador, com a mesma ainda mantida com Monjolo, Moega de Cana
movida pela tração animal, Carro de Boi etc., mostrando exatamente como
se vivia há mais de um século.
Nova surpresa. O museu também estava
fechado e com uma placa dizendo que só funciona de terça a sábado.
Certo, pensei, mas em datas especiais como a de um feriado prolongado
não se abrem exceções? Será que ninguém da Secretaria de Turismo do
Município imagina a possibilidade de que em dias assim apareceriam
turistas?
Essa possibilidade é tão real que
imediatamente, enquanto admirávamos o fato do portão estar trancado,
chegou outro veículo com turistas e logo em seguida um terceiro.
Conversávamos e havia turistas de Salvador, São Paulo e Paraná
distribuídos nos três veículos.
A decepção generalizada logo deu motivo
para discussões sobre o despreparo de nossas autoridades, que ainda não
se deram conta da importância do turismo como cultura e arrecadação de
recursos, para o município, estado ou país. Isso é tão claro atualmente
em todo o mundo que os Estados Unidos estão alterando até o prazo de
validade do passaporte dos brasileiros e aqui abrindo novos postos de
emissão de vistos de entrada naquele país, para atrair mais turistas
brasileiros para lá gastarem seus dólares.
Cidades como Bonito, em MS, estados e
até países tem sua principal fonte de arrecadação no turismo, mas em
Campo Grande, MS, a administração pública ainda não entendeu a
importância econômica e cultural do turismo.
Com todas as possibilidades existentes, o despreparo para melhor exploração turística em nosso país chega a ser irresponsável.
(*) João Bosco Leal -
jornalista, reg. MTE nº 1019/MS, escritor, articulista político, produtor rural
e palestrante sobre assuntos ligados ao agronegócio e conflitos agrários.
Nenhum comentário:
Postar um comentário