Durante
as férias, na Povoa do Varzim, frequentei vários restaurantes. Conforme
meu costume, pedi facturas, para inclui-las no IRS.
Num restaurante, no centro da cidade, passaram-ma manualmente, apesar de ser estabelecimento de grande movimento.
Nas
esplanadas, viradas para o mar, em duas que visitei assiduamente,
passaram-nas de boa vontade. Numa, disseram-me que era o único que a
solicitara, mas prontamente preencheram os dados - morada e numero de
contribuinte, - com aberto sorriso, confessando que tinham muito gosto
em dar-me o número de cliente.
Esclareceram
- me, que gostariam de terem mais inscritos, já que era a forma de
cativar, pois bastava dizerem que eram o cliente numero "X".
Ao
almoçar, para os lados de A-Ver-o-Mar, após haver pedido menu, fui
surpreendido, no acto de pagamento. Verifiquei, que na factura, os
preços haviam subido, e incluíam géneros não consumidos.
Chamei a atenção do empregado, que mal-humorado, por ter descoberto a marosca, declarou que confundira a mesa.
Ao pagar, solicitei factura. Muito agastado, deu-ma como quem quer desenvencilhar-se de indesejado cliente.
Fiquei
a saber que em restaurantes e cafetarias, há duas espécies de
"facturas": a que se entrega ao cliente (consulta de mesa,) e outra, a
quem pede que incluam o número de contribuinte.
Não
é fácil, em muitos estabelecimentos, pedir factura. Nem sequer
registam, mormente se a quantia é pequena. O dinheiro vai diretamente
para a caixa.
Com
tantos a fugir ao fisco, não admira que o pais continue a ser nação do
terceiro mundo, ainda que esteja no continente europeu.
Por
isso, é que o trabalhador, por conta de outro, se vê sobrecarregado de
impostos, e os aposentados, mesmo os que usufruíam medias remunerações,
vivem em dificuldades, devido aos sucessivos descontos.
A
fuga aos impostos - que são elevados, porque só os honestos pagam, - é
característico de países latinos, razão porque muitos, apesar de serem
considerados ricos, de grandes recursos naturais, continuam a serem
nações pobres, e o trabalhador nunca consegue receber o justo pagamento
de seu trabalho.
A culpa é do povo, que por vergonha ou comodismo, não solicita a factura que tem direito.
E por que não a solicita?
Esclareceu-me
vendedor de pizzaria: “ Os clientes não pedem, porque receiam que as
finanças venham a saber que gastam mais do que recebem.” Queria dizer:
que declaram à Fazenda.
Como querem os latinos terem governantes honestos, se agem assim?
HUMBERTO PINHO DA SILVA - Porto, Portugal
publicado por solpaz às 19:00
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