Júlia Rosa da Silva Paulos era conhecida em Santa Marinha (Gaia), pela sua dedicação à Igreja, e fé intransigente.
Ostensivamente
apresentava-se no templo, e todos os santos dias, assistia à missa, em
épocas, que ser católico, era motivo de mofa e achincalhamento.
Não
era jovem. Sofria de reumatismo crónico; mas nem a idade, nem a doença,
nem o medo, impediam-na de participar na Eucaristia, mormente na Matriz
de Santa Marinha, já que era admiradora das célebres homilias do Dr.
António d’Azevedo Maia.
Uma bela ocasião assentou com amigas, participar na missa da Igreja de S. Francisco, no Porto.
Demorou-se, todavia, a rezar as devoções predilectas.
O templo estava a média luz, e após o culto, silencioso e deserto.
D. Júlia, ergueu-se, persignou-se, acenou às companheiras, e saiu, com elas, por porta lateral.
Haviam
dado breves passos, em acanhado corredor, quando deparam com
estranhíssima procissão, seguida de fiéis, envergando vestes desusadas.
Receosas e para evitarem o aglomerado de fieis, retrocederam, saindo pela porta principal.
Ficou,
contudo, a cismar com o que vira, e nos piedosos cânticos que entoavam.
Dias depois, dirigiu-se ao sacerdote, interrogando-o pela inusitada
procissão.
Ficou atónito o padre, e após se ter inteirado de detalhes, respondeu-lhe, admirado, que nada houvera no dia indicado.
Decorridas semanas, acompanhada de amigas, que presenciaram o inesperado acontecimento, foi visitar o sacerdote.
Então, cada uma, por sua vez, narrou o que vira e ouvira naquela manhã.
O
que teria acontecido? Infelizmente não sei explicar. Posso, todavia,
asseverar que D. Júlia, e suas amigas, jamais esqueceram as estranhas
vozes e a procissão misteriosa.
Dizem-me,
que em anos seguintes, por determinação do sacerdote, realizou-se,
nesse dia, cerimónia religiosa, na igreja. Penso, que no correr do
tempo, caiu em esquecimento.
Júlia
Rosa da Silva Paulos, nasceu a 1861, na Fervença (Santa Marinha, Gaia).
Casou duas vezes, e foi mãe da pianista Sofia Paulos, que veio a casar
com Mário Pinho, editor do jornal “ A Paz”, que tinha redacção na rua
Direita, em Gaia
.
O
pai, emigrara para o Brasil e nunca voltou. A mãe, possuía modesta
mercearia, na rua de General Torres (Gaia), e a quinta da “ Leira Grande
de Sá” no Areinho (Oliveira do Douro).
Após
a morte, em 1937, correu pela população ribeirinha, que era “santa”,
por ter sofrido com resignação e paciência evangélica, a grave e
dolorosa enfermidade que a vitimou.
HUMBERTO PINHO DA SILVA - Porto, Portugal
publicado por solpaz às 11:43
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