Passamos tempo de crise; ao desmoronar da civilização alicerçada no cristianismo.
É
portanto natural, que também o amor esteja em crise; e está em crise,
porque só se fala de satisfação sexual, como se o matrimónio fosse
apenas sexo.
No
casamento há: respeito, partilha, carinho, auxílio mútuo. Casa-se por
amizade, para não se viver só, e também para possuir felicidade sexual.
O tempo de namoro serve para se conhecer o outro: modo de vida e pensar, nada mais do que isso.
O
apaixonado, tende apartar-se do mundo, para viver o amor. Para ele o
ser amado, basta. O pensamento fixo, que lhe tomou o cérebro,
borboleteia só ao redor do eleito.
Enquanto
procura descobrir o outro, a paixão cresce, domina-o, mas se a
intimidade ultrapassa as licitas balizas, o encanto, a magia do amor,
esfuma-se.
Se nada mais há a descobrir, a revelar, a conhecer, a paixão mais excitante, esfria e acaba por morrer.
Se
o outro possui forte personalidade, espírito elevado, que
constantemente surpreenda, a paixão ainda pode permanecer, assente na
amizade ou orgulho e amor-próprio.
Infelizmente poucos são os que têm qualidades que “ atraem” ou “aguçam” a curiosidade, para além da intimidade física.
Se
tivesse que aconselhar, recomendaria: que não pedissem ou dessem provas
de amor, nem realizassem experiências pré- nupciais; não por motivos
religiosos; mas satisfeita a curiosidade, o interesse diminui, se não há
“valores” que activem e despertem a “amizade”.
A vida a dois constrói-se pedra a pedra: com cedências, elogios,, paciência e dedicação.
Alimenta-se, com presentes não pedidos, jantares não esperados, flor entregue com ternura em momentos especiais.
Palavras mágicas, como: “Amo-te”, “Gosto muito de ti”, e expressões ternas, são bálsamos, que quem ama, não pode esquecer.
Os
olhos também falam. Carlos Schmitte, assevera: “ Os olhos não enganam
ninguém. E como um espelho: reproduz com exactidão o que se passa no
coração.”
O tempo de enamoramento, mesmo em anos serôdios, se é puro e sincero, rejuvenesce o espírito e aformoseia o corpo.
Mesmo
quando acontece na infância, ainda que não seja “ amor”, mas desejo de
“ser amado”, é recordado e vivido, muitas vezes, no crepúsculo da vida,
com ardor e saudade imensa.
HUMBERTO PINHO DA SILVA - Porto, Portugal
publicado por solpaz às 13:46
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