domingo, 22 de dezembro de 2013

As páginas dos livros - Por João Bosco Leal




As páginas dos livros

Assim como páginas dos livros, as histórias de vida de cada um são cheias de surpresas e passam pelas mais diversas fases, como as de ambições, sonhos, sucessos e alegrias ou inabilidades, imprevistos, frustrações e tristezas.

No processo de aprendizagem da caminhada, muitas vezes os jovens não ouvem os mais velhos e suas lições só são absorvidas com tropeços, quedas, um novo levantar e o recomeço, mas normalmente já arranhados, esfolados, alguns até machucados e fraturados, sem necessidade.

Esses jovens buscam crescer, aumentar o patrimônio, a casa, o guarda roupas e tentam preparar o terreno para que seus filhos tenham um futuro mais fácil e confortável que os seus, mas a carga vai ficando pesada e nesse período muitos tropeçam, caem ou até mesmo morrem.

Porém, em menor ou maior quantidade, todos possuem uma força chamada persistência, utilizada na busca do objetivo individual, que os faz suportar as dores, acreditar, e sempre recomeçar em busca da sua felicidade.

Quando maduros, entretanto, tudo fica mais simples, as necessidades vão sendo reduzidas e por entenderem que não necessitam de tanto e não possuem controle algum sobre o futuro, diminuem a bagagem e a preocupação com o amanhã.

Para esses mais experientes, as opiniões contrárias que antes aborreciam tanto, agora, mesmo quando sobre eles, já não incomodam ou sequer interessam, pois são as de outros. Aprendem que tudo é consequência da vida que cada um escolheu para si e por isso deixam de julgar qualquer pessoa, atitude ou opção.

Já sabendo não ser possível ter certeza de nada, abrem mão dessa preocupação e as certezas deixam de fazer falta. O que mais importa aos na fase mais madura é ter paz, sossego, viver sem medo, só fazer o que gostam e para isso, se afastam de tudo e de todos cuja presença os incomoda.

Com os olhares já mais tranquilos e a mente possuindo menos ilusões, as ocorrências são mais previsíveis e por isso lhes provocam menos sofrimentos. Muitas coisas que antes os chocariam, hoje são corriqueiras, consideradas normais.

As sociedades vivem em constante transformação e nas páginas do livro da vida de cada um os valores também vão sendo alterados. Passam a ser muito diferentes daqueles de quando jovens ou mesmo dos que observavam até agora.

O questionamento individual, de como é e como poderia ser sua vida, acontece por uma variedade infinita de motivos e um dos mais comuns é a ocorrência de um acidente grave, que aproxima a pessoa da morte.

A possibilidade da antecipação do fim provoca em quem o viveu, um novo olhar sobre os seres, animais, insetos, objetos, enfim, sobre a vida, que passa a ser observada nos detalhes de itens talvez antes já vistos, mas não enxergados. Isso a torna mais bela, apaixonante, nele provocando desejos de vivê-la cada vez mais intensamente.

Esse novo comportamento afeta suas amizades, relacionamentos já existentes e a todos que o cercam, pois sua garra e alegria são contagiantes e estimula seus próximos, principalmente por se lembrarem de como era e como agora é.

As páginas do passado ou capítulos da sua história não podem ser rasgadas ou puladas, pois foi por ter ocorrido exatamente como ocorreu é que hoje você está aqui e da forma como está.

João Bosco Leal*      www.joaoboscoleal.com.br
*Jornalista e empresário

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

O BARBANTE QUE NOS UNE A DEUS - Por HUMBERTO PINHO DA SILVA

 






Em pleno Inverno, em serena manhã de cerrado nevoeiro, guri, de tez bronzeada, boca larga, olhos negros como azeviche, caminhava descalço, ao longo de extenso areal. Preso à mão direita havia fino e sólido barbante de nylon, quase tranlúcido.

Corria, vindo do Sul, leve e fresca brisa, tão suave, tão delicada, que mal acariciava o jovem rosto moreno.

A espaços, o garotinho puxava o fio, sacudindo, energicamente, a mão, imprimindo rápidos e fortes puxões ao barbante, que vibrava, distendendo-se.

Pacatamente, sentado em banquinho de madeira, coberto a esmalte azul celeste, homem, esquelético, seco, entrado em anos, passeava a vista: entre a cana de pesca, e o gurizinho.

Indiferente ao incisivo olhar do pescador, o petiz soltava sonoras e alegres risadas, que sumiam-se na densa serração, diluídas no sussurrante som embalador do oceano.

Atónito, surpreso com o que observava, interroga-o, intrigado:

- O que está você a fazer?! Puxando o que não se vê?!

O rapazinho, voltou-se para o pescador. Fica, por momentos, pensativo. Depois, entortando ligeiramente a cabeça:

- É certo que não se vê, mas eu sei que escondido no nevoeiro, está a estrela, que responde, com leve puxão, ao meu comando. – Espevitadamente respondeu a criança.

Esta curiosa história, contada pelo evangelista Billy Graham, ilustra perfeitamente a relação que o cristão deve ter com Deus.

Como a pipa (papagaio) do caboclo, também não descortinamos Deus…mas sentimo-Lo, do mesmo jeito, como o guri sentia a estrela.

Ao longo das vicissitudes da vida, quem for crente - os agnósticos só têm acasos, - sente-se, muitas vezes, a Mão protetora de Deus.

Ele sempre entrega o fio de Ariadna, para conseguirmos sair do tenebroso labirinto em que nos metemos.

E o “fio” que nos une a Deus, chama-se: oração.

Como o rapazinho, que se divertia brincando com o papagaio, numa manhã de intenso nevoeiro, também nós, sabemos, mesmo sem O ver, que lá longe, em parte incerta, no Céu sem fim, está Aquele que tudo pode e tudo sabe, pronto a dar-nos o “fio” que nos une a Ele.



HUMBERTO PINHO DA SILVA   -   Porto, Portugal





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sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Quem não te ama - Por João Bosco Leal

Senhor Editor,

eis um novo texto, Quem não te ama, para sua publicação.

Obrigado

João Bosco Leal


Quem não te ama

É comum sentirmos simpatia, afinidade, indiferença, antipatia e até aversão por pessoas que acabamos de conhecer, mas em uma segunda oportunidade isso pode se inverter e nos simpatizarmos com quem causara má impressão e vice versa.

Na relação matrimonial, a pessoa com quem vivemos por anos e com ela caminhamos, sorrimos, choramos, partilhamos segredos e que até dias atrás dizia nos amar, hoje pode já não nos querer e procurar em outra, algo que entende não possuirmos.

Tudo isso provoca dúvidas, angústias, lágrimas e nos faz procurar explicações que só serão encontradas quando buscadas em cada detalhe dos comportamentos passados, arquivados nas milhares de gavetas, das centenas de cômodas, dos diversos quartos de nossa memória.

Apesar das pessoas normalmente serem muito insistentes em seus questionamentos - principalmente quando queremos ficar quietos e repetimos: "Não é nada..." -, naquele momento buscamos o maior silêncio possível, para podermos mergulhar em pensamentos.

Essa análise introspectiva provavelmente nos permitiria encontrar, nas passagens ali arquivadas, uma justificativa lógica que nos fizesse entender porque o que pensávamos ser amor - que só deveria dar prazeres e alegrias -, hoje só nos provoca dissabores e tristezas.  

Só após esse mergulho em nossas profundezas estaremos prontos para discutir o assunto com outra pessoa, que entendemos ser a melhor para nos ouvir, que já tenha passado por situação semelhante, seja madura, experiente, confiável, e não por aquela que, mesmo com boas intenções, não foi escolhida para nossas confidências.

Ela provavelmente nos mostrará que o parceiro é quem está perdendo, que somos muito superiores a ele e merecemos alguém melhor. Que bastaria olharmos para os lados e veríamos que são raros os que possuem nossa saúde, educação, família, padrão social, econômico, cultural e consequentemente, mais possibilidades de sermos felizes e gerarmos felicidade.

Todos trazem, em suas histórias, alegrias, tristezas, esperanças, frustrações, amigos, desafetos, sonhos, decepções, lágrimas, sorrisos, encontros, desencontros, paixões - retribuídas ou não -, o que não significa sermos piores que alguém, mas que vivemos, pois só quem não viveu plenamente não sentiu todas essas variáveis.

Os que realmente vivem - e não só passam pela vida -, podem tropeçar e cair diversas vezes, mas se levantam e, mesmo na solidão, estão sempre prontos para continuar sua caminhada, para um recomeço em busca daquele horizonte de onde certamente enxergarão um novo mundo, com mais campos, lagos, flores e cores.

Por isso continuam sua viagem sem medo, confiando em sua capacidade de superar todas as dificuldades que lhes forem apresentadas. Sabem que mesmo sem buscá-lo, em algum local o amor os abordará e que o encontrado sempre será melhor que o procurado.

O poeta e escritor rondoniense Nazareno Vieira de Souza, usando o pseudônimo de Augusto Branco disse: "Onde não puderes amar, não te demores".Portanto, não chame de amor quem te faz lamentar ao invés de te fazer sorrir e não permita que entre os bilhões de habitantes da terra, uma única pessoa possa lhe fazer infeliz.

Você certamente será mais feliz longe de quem não te ama.

João Bosco Leal*     www.joaoboscoleal.com.br
*Jornalista e empresário

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

POR QUE NÃO SE PEDE FACTURAS ? - Por HUMBERTO PINHO DA SILVA

  

 






Durante as férias, na Povoa do Varzim, frequentei vários restaurantes. Conforme meu costume, pedi facturas, para inclui-las no IRS.

Num restaurante, no centro da cidade, passaram-ma manualmente, apesar de ser estabelecimento de grande movimento.

Nas esplanadas, viradas para o mar, em duas que visitei assiduamente, passaram-nas de boa vontade. Numa, disseram-me que era o único que a solicitara, mas prontamente preencheram os dados - morada e numero de contribuinte, - com aberto sorriso, confessando que tinham muito gosto em dar-me o número de cliente.

Esclareceram - me, que gostariam de terem mais inscritos, já que era a forma de cativar, pois bastava dizerem que eram o cliente numero "X".

Ao almoçar, para os lados de A-Ver-o-Mar, após haver pedido menu, fui surpreendido, no acto de pagamento. Verifiquei, que na factura, os preços haviam subido, e incluíam géneros não consumidos.

Chamei a atenção do empregado, que mal-humorado, por ter descoberto a marosca, declarou que confundira a mesa.

Ao pagar, solicitei factura. Muito agastado, deu-ma como quem quer desenvencilhar-se de indesejado cliente.

Fiquei a saber que em restaurantes e cafetarias, há duas espécies de "facturas": a que se entrega ao cliente (consulta de mesa,) e outra, a quem pede que incluam o número de contribuinte.

Não é fácil, em muitos estabelecimentos, pedir factura. Nem sequer registam, mormente se a quantia é pequena. O dinheiro vai diretamente para a caixa.

Com tantos a fugir ao fisco, não admira que o pais continue a ser nação do terceiro mundo, ainda que esteja no continente europeu.

Por isso, é que o trabalhador, por conta de outro, se vê sobrecarregado de impostos, e os aposentados, mesmo os que usufruíam medias remunerações, vivem em dificuldades, devido aos sucessivos descontos.

A fuga aos impostos - que são elevados, porque só os honestos pagam, - é característico de países latinos, razão porque muitos, apesar de serem considerados ricos, de grandes recursos naturais, continuam a serem nações pobres, e o trabalhador nunca consegue receber o justo pagamento de seu trabalho.

A culpa é do povo, que por vergonha ou comodismo, não solicita a factura que tem direito.

E por que não a solicita?

Esclareceu-me vendedor de pizzaria: “ Os clientes não pedem, porque receiam que as finanças venham a saber que gastam mais do que recebem.” Queria dizer: que declaram à Fazenda.

Como querem os latinos terem governantes honestos, se agem assim?


HUMBERTO PINHO DA SILVA   -   Porto, Portugal



segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

O par perfeito - Por João Bosco Leal



O par perfeito                          

Após se tornar sua "amiga" através de uma das atuais redes sociais, passaram a trocar diversas informações e descobriram que, apesar das vidas totalmente distintas, sempre distantes e de não possuírem nenhum conhecimento anterior, tinham muitos amigos comuns, seus pais moravam no mesmo prédio de um parente dele e ela conhecia sua família.

Tinham estudado em colégios e faculdades diferentes, mas de níveis semelhantes e moravam em regiões distintas do país. Era um homem oriundo de uma boa família, inteligente, educado, sensível e pelas mensagens que postava, soube que se tornara um escritor.

Seus textos e seus pensamentos, propostas, experiências e maneira de encarar a vida neles expressos, encantavam-na cada vez mais. Todos estes fatos e várias descobertas durante suas trocas de mensagens despertaram seu interesse em conhecê-lo pessoalmente.

Frequentemente o convidava para ir à sua cidade conhece-la, mas com muitos afazeres ele não podia atendê-la. Entretanto, abriu-lhe a possibilidade de se comunicarem através do Skype, onde poderiam se ver e expressar fisicamente seus sentimentos a respeito de qualquer assunto.

Era a abertura que faltava para um novo ingrediente naquele conhecimento: a atração física. Na primeira conversa seus olhos já brilhavam ao vê-lo ali bem diante dela, usando bermuda e sem camisa, sentado na poltrona e diante do teclado onde escrevia as coisas de que tanto gostava.

As conversas começaram com as palavras normalmente trocadas em situações semelhantes: coincidência, conhecidos comuns, mundo pequeno, mas logo foram se tornando mais soltas, desinibidas, como se entre dois velhos amigos que guardavam segredos mútuos.

Pelos monitores eles não só se viram como começaram a se insinuar, se provocar, se mostrar e em muito pouco tempo, se desejavam alucinadamente. Apesar da aparente presença física, estavam a quilômetros de distância, o que a deixava bem mais à vontade.

Livre de preconceitos e tabus, nas ligações seguintes sabia exatamente onde aquilo a levaria e não demorava a erguer, abaixar, se desfazer das roupas e se tocar, deliciando-se com a visão do outro fazendo a mesma coisa até que entre ações, visões, palavras e sussurros estivessem completamente extasiados.

Aquelas cenas passaram a fazer parte de seu quotidiano e diariamente contava os minutos para que a noite chegasse e pudesse, novamente, no silêncio de seu quarto, sentir aquele fogo ardendo em suas entranhas. Era uma paixão diferente, por ela jamais sentida, onde só ocorriam sorrisos e prazeres.

Suas amigas, parentes e conhecidos jamais poderiam imaginar o que estava lhe provocando as mudanças notadas por todos e depois de tantos questionamentos sobre o que a fazia tão feliz, acabou confidenciando para sua melhor amiga, que a fez enxergar a realidade.

Como todos os que escrevem, aquele era um sonhador, que fantasiava suas buscas por uma companheira perfeita e colocava no papel o fruto de sua imaginação, seus sonhos, desejos e prazeres, mas como ela, também possuía seus problemas, ansiedades, medos e frustrações.

Provavelmente também havia sentido muitas paixões - algumas retribuídas, outras não -, possuía vontades físicas e emocionais como todos e talvez estivesse realizando aquelas fantasias com ela simplesmente para, naquele momento, não se lembrar de seu verdadeiro amor.

O par perfeito, sem defeitos e repleto de qualidades, só existe em nossa imaginação.

João Bosco Leal*   www.joaoboscoleal.com.br


*Jornalista e empresário

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

AS DÉCIMAS DA RAINHA - Por HUMBERTO PINHO DA SILVA


 






Andava a Dona Luísa de Gusmão preocupadíssima, porque as décimas que cobrava, mal davam para governar o reino.

Estando, certo dia, a lamentar-se diante de Luís de Vasconcelos e Sousa, Conde Castelo Melhor, prontamente, este, lhe respondeu:

- Medite Vossa Majestade, no que vai ver.

Pegando no areeiro, despejou-o nas mãos. Depois, solicitou, aos presentes, que passassem a areia de mão em mão, até chegar às da rainha.

Estupefacta com o estranho gesto, interroga-o sobre o significado da inusitada atitude.

O Conde de Castelo Melhor, empertigou-se e solenemente declarou:

- Saiba Vossa Majestade, que ao dinheiro das décimas, acontece o mesmo que à areia deste areeiro. Passando por tantas mãos, foi ficando pegado a elas. Quando a rainha recebe o dinheiro, está tão diminuído, que mal chega para as despesas.

Este curioso e verídico diálogo, é narrado por Rebelo da Silva, no Tomo II, do livro: “ A Mocidade de D. João V “.

Disse, e disse bem, o Conde de Castelo Melhor, à rainha Luísa de Gusmão: o dinheiro do Estado, até chegar a quem governa, passa por tantas mãos, que a maioria se perde nos intermediários.

Assim acontece em muitos países, que permanentemente se encontram endividados: uns, porque são corruptos; outros, porque quem governa, se não sabe governar sua casa, como podem governar a nação?

Disse a antiga Ministra das Finanças de Portugal, a Dr.ª Ferreira Leite, numa entrevista televisiva: toda a boa dona de casa, sabe governar um país: basta não gastar mais do que se recebe.

Mas, se há já poucas donas de casa, também poucos políticos há, que saibam governar, em justiça e rigor: A ambição, o fascínio, pelo poder, o receio de perder eleições, tolda a razão de quase todos.

Para mal dos políticos, não lhes faltam bajuladores, em busca de benesses: querem ser diretores – gerais, ministros, e administradores de empresas rendosas…

Conta-se que Salazar, após tratar negócios da nação, com um dos seus ministros, logo que fechou a porta do palácio de S. Bento, voltou-se para a governante, D. Maria de Jesus, e desabafou:

- Acaba de sair um grande ladrão!

Ao que a empregada, com a confiança que tinha – servira Salazar desde que o estadista era estudante, – retorquiu:

- Por que não o manda prender!?

- Para quê!? - Respondeu Salazar. - Ao menos este já roubou o que tinha que roubar…

A explicação do Conde Castelo Melhor, sobre o destino das décimas da rainha, é sempre atual, e serve para todos os reinos…e repúblicas.



HUMBERTO PINHO DA SILVA   -   Porto, Portugal






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domingo, 1 de dezembro de 2013

Uma retrospectiva aos sessenta - Por João Bosco Leal


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 João Bosco Leal <artigos@joaoboscoleal.com.br>
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João Bosco Leal


Uma retrospectiva aos sessenta

Com bastante frequência, tenho pensado em tudo o que já vivi e no que ainda posso viver. Vejo que em todos os setores cometi erros e acertos, tropecei, cai e recomecei.

Creio que muitas coisas poderiam ter sido realizadas de outra forma, mas não me arrependo de nenhuma das coisas que e como as fiz, pois se assim não tivesse ocorrido, hoje seria outro, e gosto de quem sou.

Na educação dos filhos certamente fui mais enérgico do que precisaria, mas o resultado foi excelente e, portanto, desse aspecto só me orgulho. Fazendo uma comparação entre como poderia ter tido maior participação e presença em suas vidas, com a ausência ou pouca companhia que lhes fiz - enquanto buscava angariar recursos para proporcionar-lhes um futuro mais seguro -, percebo que esta é uma das coisas que poderia ter sido diferente, mais equilibrada, mas sem essa ausência eles também não seriam o que hoje são.

Conheci milhares de pessoas, mas por falta de novas oportunidades - ou de afinidade -, centenas ficaram somente na apresentação. Outras, com as quais simpatizei, foram reencontradas e de muitas me tornei conhecido, com várias me decepcionei e, de raras, me tornei amigo.

Vi coisas boas e outras nem tanto. Gostaria de rever algumas, outras de nem ter visto, mas as melhores imagens e lugares dos quais trago as mais belas lembranças, sempre tiveram relação com a natureza, com o que o homem nunca produziu ou ainda sequer tocou.

Apesar de hoje saber que o silêncio jamais comete erros, falei coisas que não devia e, apesar de frequentemente tentar me corrigir, sei que este é um defeito que ainda possuo. Ouvi o que não queria e o que não gostaria de ter ouvido. Palavras agressivas ou sem fundamento foram trocadas milhares de vezes.

Gostei de muitas mulheres, me apaixonei por várias, mas amei raras. Senti paixões por quem não devia, amei quem não me correspondeu, e fui amado sem corresponder, mas todas as mulheres, sem exceção, me proporcionaram momentos de felicidade e delas hoje só guardo boas ou maravilhosas lembranças.

Todos gostariam de ter o controle do tempo e do próprio destino, mas a única coisa que se pode afirmar é que depois da noite um novo dia virá e é maravilhoso saber que, se receber a benção de alcança-lo, nele poderei viver momentos diferentes, ter outros desejos, outras opções e conhecer novas pessoas.

A felicidade não tem data marcada e as surpresas recebidas da vida são imprevisíveis e, portanto, é possível que amanhã conheçamos a pessoa que sempre buscamos, e que nos tornará felizes pelo resto de nossos dias.

No passado dei e certamente recebi muitos beijos e abraços sem nenhum sentimento, iludi e fui iludido com falsas promessas, mas agora, maduro, posso dar muito mais que beleza e juventude.

Posso rir e conversar mais, me preocupar menos e agradar sem cobrar, pois sei quem, o que e como conquistei.

A experiência adquirida nos anos vividos transforma os maduros - homens e mulheres -, em grandes amantes, pois aprenderam que o amor é um conjunto de segurança, amizade, carinho e prazer. E amam com mais calma e delicadeza, mas com o mesmo ardor e desejo dos jovens.

A maturidade nos torna mais leve e com vontade de recomeçar a cada instante.

João Bosco Leal*   www.joaoboscoleal.com.br

*Jornalista e empresário

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

A interpretação - Por João Bosco Leal

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A interpretação

O deserto que atravessei / Ninguém me viu passar / Estranha e só / Nem pude ver que o céu é maior / Tentei dizer / Mas vi você / Tão longe de chegar / Mais perto de algum lugar / É deserto onde eu te encontrei / Você me viu passar / Correndo só / Nem pude ver que o tempo é maior / Olhei pra mim / Me vi assim / Tão perto de chegar / Onde você não está / No silêncio uma catedral / Um templo em mim / Onde eu possa ser imortal / Mas vai existir / Eu sei, vai ter que existir / Vai resistir nosso lugar / Solidão, quem pode evitar? / Te encontro enfim / Meu coração é secular / Sonha e desagua dentro de mim / Amanhã, devagar / Me diz como voltar / Se eu disser que foi por amor / Não vou mentir pra mim / Se eu disser deixa pra depois / Não foi sempre assim.

A letra acima, da música Catedral, uma composição de Tanita Tikaran com versão e interpretação de Zélia Duncan, é uma das que, apesar de juntamente com a cantora tê-la cantado centenas de vezes quando era tocada em uma rádio, CD ou em MP3, me fez perceber que só agora, na maturidade, consigo ouvir músicas que antes só havia escutado.

Quantas vezes me senti só, em um deserto, mesmo que entre milhares ou estranho mesmo que entre conhecidos, como diz a música. É um sentimento que atualmente afeta milhões de pessoas que apesar de tecnologicamente próximas de qualquer pessoa do planeta, ao mesmo tempo estão sós, diante de uma máquina que naquele momento as conecta ao mundo através da internet.

Quando conhecemos uma pessoa no mundo virtual, é fácil perceber que aquele alguém está muito longe dali e mais perto de outro lugar. Que há uma distância enorme entre nós e o que vemos perto, mas lá não está.

Essa poderia ser uma das interpretações dadas ao que o autor pretendia dizer, mas claro, cada um interpreta a letra de uma música ou de um texto de acordo com sua ótica, sua realidade, sua história de vida.

Porém, independentemente das possibilidades de interpretações, o importante não é escutarmos as músicas ou lermos os textos, mas ouvi-los e entende-los, para podermos tirar o maior proveito possível do ensinamento ali disponibilizado.

Os detalhes dos arranjos e principalmente as mensagens das letras, nunca foram por mim ouvidos e entendidos como atualmente. Gostava do ritmo de músicas que escutava, e logo imaginava se eram boas para dançar, refletir, namorar, trocar carinhos ou tantas outras ocasiões, mas não as ouvia verdadeiramente. Repetia exaustivamente o refrão de uma música sem nunca pensar no que dizia.

Entretanto, durante a vida aprendemos a interpretar melhor não só as letras das músicas e dos textos. Os livros lidos no passado passam a ter outro significado quando agora revistos. As poesias emocionam mais e as letras das músicas tocam mais profundamente.

Passamos a perceber com maior clareza o que nos é dito ou transmitido através das palavras, atitudes ou mesmo de expressões corporais, e como pequenos detalhes nas comunicações aproxima ou afasta pessoas. Tudo isso nos mostra coisas que antes víamos, mas não enxergávamos.

Aprendemos que, analisando variáveis como condições, local e contexto em que atitudes foram tomadas ou palavras ditas, seria possível entender de forma mais abrangente o que uma pessoa realmente fez ou pretendeu dizer.

A interpretação de hoje certamente não será a mesma de amanhã e o que ontem não podia ser feito, no futuro certamente poderá.

João Bosco Leal   www.joaoboscoleal.com.br


*Jornalista e empresário

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

BOM GOSTO É SINONIMO DE RIQUEZA? - Por HUMBERTO PINHO DA SILVA









Quando meus avós paternos faleceram, meu pai tinha oito anos. Foi nomeado Conselho de Família, e coube à avó materna a missão de tutora.

Como órfão indefeso, parte do modesto património, foi lapidado, não pela tutora, que era uma santa mulher, mas por alguns membros do Conselho de Família, que aproveitaram sua ingenuidade.

Mas isso, são, como se usa dizer, águas passadas.

Do pequeno património que meu pai recebeu, havia velha casa de alforge, do século XlX, de ar sisudo e solene, cujas largas e grossas tábuas do soalho, encontravam-se luradas de caruncho, e com fundos sulcos de esfregas, a carqueja e piaçaba.

Após o casamento, estabelecida a vida, meu pai iniciou o embelezamento do velhíssimo prédio.

O dinheiro era escasso; não permitia obras profundas.

Os gastos soalhos, foram cobertos a viochene, e receberam generosa camada de cera. Nas partes degradadas, pequenos tapetes taparam as mazelas.
As paredes de estuque, enegrecido pelo fumo de candeeiros a petróleo, foram forradas a papel. As salas nobres, a tons escuros; os quartos, a cores alegres.

As grosseiras portas de castanho, levaram esmalte branco, que tapou indesejadas imperfeições; e as inestéticas almofadas, das mesmas, substituídas por vidraças, alegradas a papel vitral.

Os velhos móveis foram cuidadosamente encerados e colocados harmoniosamente. As paredes guarnecidas de aguarelas e óleos, quase todos da sua autoria, já que cursara Belas-Artes. Completava a decoração, pratos de faiança e estatuetas oferecidas por artistas, que meu pai, como jornalista, ajudou a divulgar-lhes a obra.

Terminado o modesto arranjo, passou de simples trabalhador a abastado proprietário.

Os que o visitavam, gabavam-lhe a bela casa e saiam convencidíssimos que recebera herança ou lhe saíra a lotaria.

Até familiares, que conheciam seus proventos, estranhavam tanto “luxo”, e murmuravam, ente si, que estava rico, para ter casa assim.
Engraçado, se tem graça, é que empresários de sucesso e gestores abastados, comparando suas moradias, despidas de carpetes, de paredes nuas e móveis maltratados, invejavam-lhe o gosto; interrogando-se de onde provinha tais rendimentos.

Daqui se conclui, que ter bom gosto e lar cuidado, para muitos, é sinónimo de abundância e dinheiro.

Esse conceito, tão entranhado está, mormente em quem nunca viveu em ambientes de bom gosto, que torna-se difícil mudarem de opinião.
Para eles, casa cuidada é sinónimo de riqueza.



HUMBERTO PINHO DA SILVA   -   Porto, Portugal




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sábado, 2 de novembro de 2013

Consequências - Por João Bosco Leal


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João Bosco leal


Consequências

Um dente que brado durante uma briga, uma corrida, uma brincadeira e as mais variadas marcas adquiridas pelo corpo, são consequências de atitudes e comportamentos diversos, mas as cicatrizes, por não se formam em cadáveres, são belas e significam que sobrevivemos.

A quantidade de colegas e amigos adquiridos e os títulos de carismáticas ou sisudas dados a muitas pessoas, como tudo na vida, são consequências de seus comportamentos ao longo do tempo.

Os pais que educam seus filhos dando-lhes tudo sem que trabalhem, não estão educando, mas destruindo-os, pois serão adultos que não aprenderam a dar valor ao que se ganha com o próprio suor, a respeitar outras opiniões, cumprir regras, horários e que nunca aprenderão a sobreviver sem ajuda, principalmente a financeira.

Além dos homens que não saberão trabalhar, as mulheres que não foram preparadas para a vida, mesmo quando infelizes, muitas vezes se submetem a permanecer em casamentos fracassados simplesmente por não serem capazes de produzir para o próprio sustento.              

Como o esperado cronologicamente é que esses pais deixem de existir antes de seus filhos, estes passarão a pedir ajuda aos mais próximos, como avós, tios, irmãos, primos ou amigos, normalmente se fazendo de vítimas para abalar emocionalmente as pessoas de quem solicitam, mas independentemente do que contarem para justificar seus pleitos, suas histórias serão, certamente, consequências de algo que fizeram ou deixaram de fazer no passado.      

Não é justo nem digno, usar de subterfúgios emocionais ao solicitar ajuda como, por exemplo, lastimar-se por haver gasto uma fortuna com doenças porque, no mundo todo, as pessoas que querem ser atendidas em hospitais particulares e escolher o seu médico, precisam ter um plano de saúde, ou devem se conformar em serem atendidos pelo médico de plantão, na rede pública de saúde.

Muitas experiências nos fazem sofrer, mas ao mesmo tempo precisavam ter ocorrido para permitir nosso crescimento. Desde os primeiros passos a vida mostra que só após uma queda as pessoas aprendem a se levantar. Isso também deveria ensinar que, lastimar prejuízos financeiros não resolverá um problema cuja única solução é mais trabalho.

Um acidente automobilístico pode provocar invalidez temporária ou permanente, matar ou ainda causar danos físicos e materiais também em terceiros e por isso, não possuir um seguro veicular e de saúde é uma irresponsabilidade que poderá causar consequências irreparáveis.

Sejam maiores ou menores, todos têm os seus problemas, e jogar a culpa dos seus em outra pessoa ou querer que elas os resolvam é covardia. A AIDS, o vício em drogas, o alcoolismo ou uma gravidez indesejada, são provenientes de atitudes tomadas no passado e cada um deve arcar com as consequências de seus próprios erros.

Ao experimentar drogas, os que se viciam têm, como consequência, além da autodestruição, a dilapidação de seu patrimônio e, normalmente, também a destruição emocional e financeira de suas famílias.

Todos podem escolher quando, como e para onde irão, mas agindo contra os valores e princípios morais básicos, lá jamais chegarão da maneira desejável, pois o amanhã trará consequências de cada atitude tomada hoje.

Pense no que fala ou faz, pois algumas coisas na vida não possuem preço, mas certamente, todas têm troco.

João Bosco Leal*       www.joaoboscoleal.com.br

* Jornalista e empresário

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Nossas cicatrizes - Por João Bosco Leal

de:
 João Bosco Leal <artigos@joaoboscoleal.com.br> por  cli12668.p03me.com 
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 artigos@joaoboscoleal.com.br
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 25 de outubro de 2013 01:10
assunto:
 Nossas cicatrizes
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Senhor Editor,

envio o texto Nossas cicatrizes, para sua publicação.

Obrigado,

João Bosco Leal


Nossas cicatrizes

O tombo quando engatinhava provocou um pequeno corte no queixo da criança. Foi a primeira das muitas cicatrizes que seriam adquiridas ao longo de sua vida.

Depois de aprender a caminhar ela começou a correr, brincar de esconde-esconde, pega-pega, queimada, quando ocorreram novas quedas e surgiram novas marcas, algumas pequenas que logo sumiram e outras maiores, que permaneceram em seu corpo por muito tempo ou mesmo por toda a vida.

Além daquelas surgidas das mais diversas experiências ao longo da vida, as pessoas também adquirem outro tipo de cicatriz, bem mais profundas, não aparentes, provocadas pelas dores emocionais.

Logo nos primeiros anos de escola, quando inicia sua convivência social com outras crianças da mesma faixa etária, ela se decepciona quando têm sua primeira demonstração de interesse - realizada com os olhares ainda tímidos - ou a primeira paixão, não correspondida.

Na escalação da equipe de futebol, vôlei, basquete ou de natação, quando foi preterida por outra pessoa, ocorre uma nova frustração que também deixa marcas, mais ou menos profundas, dependendo da personalidade já adquirida por cada um.

Os resultados obtidos nas disputas, jogos, notas e provas escolares começam a provocar nos indivíduos, um senso de reconhecimento da própria capacidade que se refletirá em vários outros setores, como na carreira profissional e consequentemente no sucesso, pois todos são o resultado dos seus erros e acertos, das palavras que trocaram, do que viram, se lembram ou esqueceram.

Homens ou mulheres, os bem sucedidos serão admirados, enquanto aqueles que não se saíram bem serão praticamente ignorados pela sociedade que os circunda, o que gera maior autoestima nos primeiros, e baixa nos outros.

O fato de serem ou não admiradas por seus resultados nas mais diversas áreas, associado à sua maior ou menor autoestima provocará, nessas pessoas, reflexos inclusive nos relacionamentos com o sexo oposto, pois, inconscientemente e desde os primórdios, os humanos escolhem, para procriação, os vencedores.

Assim, independentemente da beleza física, aqueles que não obtiverem bons resultados, não se sobressaírem, certamente terão outras cicatrizes - agora sentimentais -, por serem preteridos pelos vencedores, muitas vezes sem os predicados físicos que possuem, mas certamente mais competentes em outras áreas.

As marcas físicas, causadas por acidentes do passado, são de feridas curadas, de superações, mas as dores das frustrações, das decepções, sejam com amigos, parentes, paixões ou amores, provocam cicatrizes aparentemente invisíveis, mas geralmente maiores que aquelas provenientes de impactos físicos.

São essas cicatrizes não aparentes e algumas vezes incuráveis - provocadas pelas dores sentimentais, da alma -, que transformam as pessoas, deixando-as tristes, amarguradas, enclausuradas, sem desejos ou novas perspectivas. Para elas não há remédio, a ferida pode até ser curada, mas a estória já ocorreu e a cicatriz existirá. Só lhes restará envelhecer com ela.

As cicatrizes adquiridas são as marcas do que vivemos, mas as invisíveis foram, certamente, as que mais doeram.
João Bosco Leal*    www.joaoboscoleal.com.br

*Jornalista e empresário