João Bosco Leal
Constantemente recebo e-mails mostrando pessoas com dificuldades físicas enormes e mesmo assim realizam o que muitos imaginavam ser impossível. Vídeos mostram desenhistas e pintores fazendo isso com a boca ou os pés, por não possuírem as mãos, tocando piano com os pés e diversos outros exemplos.
Pessoas amigas e até algumas desconhecidas tentavam, com esses vídeos, incentivar minha luta com um problema de locomoção que se estendeu por mais de dois anos e certamente me sentiria péssimo se não superasse aquelas minhas dificuldades, pois eram muito menores que os exemplos citados.
Assistindo a vídeos como esses, ou observando pessoas com as quais nos deparamos durante a vida, rapidamente percebemos como estamos acostumados a reclamar de tudo, de uma simples contrariedade ou de qualquer dificuldade, por menor que seja.
Reclamamos por não estarmos melhor mesmo quando estamos bem, mas nunca nos lembramos de olhar para os lados, onde notaríamos que sempre existem situações bem mais difíceis que as nossas sem fazer qualquer tipo de reclamação, mas buscando alternativas para solucionar seus problemas.
Na infância, com a educação recebida dos pais ou com influências externas, da escola ou de amigos, será formada a personalidade daquele que espera ajuda e do que busca soluções. Apesar de difícil para os pais, melhor educador é aquele que não dá tudo o que o filho quer, ou mesmo precisa, mas o ensina a buscar.
Logo no início, o filme da vida de Ray Charles mostra o sofrimento de sua mãe que, quando o filho ficou cego, não o ajudava em nada, deixando que ele, mesmo com tal dificuldade, aprendesse a conviver com seu problema.
Dizia que não podia ajudá-lo, pois certamente iria morrer primeiro e ele sofreria muito se dependesse dos outros para tudo. O resultado dessa educação foi o que todos conhecem, um dos maiores sucessos musicais norte americano de todos os tempos, que cantava e tocava piano maravilhosamente.
Outros pais pensando ajudar seus filhos fazem tudo por eles, superprotegem, não dando sequer espaço para que os mesmos aprendam e, com esse comportamento, acabam criando filhos despreparados para o mundo, que verão dificuldades em tudo e reclamarão de tudo e de todos.
Pessoas criadas dessa forma serão incapazes de procurar soluções para qualquer dificuldade que ocorrer, por simplesmente nunca terem precisado fazer esse tipo de busca. E no jogo da vida, aquele que quando cai fica sentado, olhando para os lados, não faz gols. A cada queda o jogador precisa se levantar e correr atrás da bola, para recuperá-la e novamente tentar marcar pontos.
Por outro lado, o passado não pode ser um limitador de objetivos futuros e mesmo com maior dificuldade, por sua inexperiência, aquele que nunca fez poderá realizar tarefas até então para ele desconhecidas, pois mesmo que tardiamente, os homens estão sempre prontos para aprender.
Nossos fracassos e conquistas diante das dificuldades são de nossa única responsabilidade e devem servir de exemplo para que possamos chegar onde pretendemos.
São admiráveis aqueles que nem mesmo as maiores limitações físicas conseguem impedir que façam as mudanças de curso necessárias e procurem novas alternativas para continuar suas buscas e atingir seus objetivos.
O potencial criativo e de superação do ser humano é imensurável e só é capaz de usá-lo aquele que, por algum motivo, dele necessita.
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