Por João Bosco Leal
Tenho observado o que as pessoas fazem com o que lhes acontece durante a vida. Desde o nascimento até a morte todos passamos por milhares de experiências distintas, de aprendizado, sofrimento, dor, alegria e muitas outras.
Esses acontecimentos podem até ser parecidos, mas nem eles ou as reações de quem viveu são iguais para ninguém. Desde o aprendizado da fala, os primeiros passos, quedas, estudos, amizades e sentimentos, cada pessoa sente e reage de maneira diferente a tudo o que ocorre.
Dentro de uma mesma família, entre irmãos, tanto as reações aos acontecimentos como as lições tiradas destes são bastante distintas. Ninguém reage da mesma forma aos ensinamentos paternos, às brincadeiras dos amigos ou ao aprendizado da matemática, onde tudo é imutável.
Teoricamente uma pessoa sairia da casa de seus pais ou de uma universidade para uma vida independente, com exatamente a mesma educação e preparo que seus irmãos ou seus colegas de turma, mas mesmo naqueles que tiveram a mesma origem biológica ou que tiveram a mesma formação acadêmica, as diferenças são enormes.
Nas profissões, aqueles que entraram no mesmo dia e no mesmo setor de uma empresa certamente possuirão um futuro diferente, sempre ligado a como reagiram a cada aprendizado e a cada experiência vivida no trabalho.
Algumas carreiras esportivas como futebol, natação, tênis, vôlei e todos os tipos de luta exigem bastante fisicamente. Os pilotos de corrida e lutadores necessitam, além de muito preparo físico, de agilidade nos reflexos e os médicos cirurgiões precisam de muita firmeza de movimentos.
Com o passar dos anos tanto nossa capacidade física quanto agilidade e reflexo vão diminuindo, a capacidade de manter o preparo físico fica menor e assim, cada uma das profissões vai tendo que ser terminada mais cedo ou mais tarde, dependendo de sua maior ou menor exigência.
Outras podem ser prolongadas e até aprimoradas em decorrência da experiência adquirida durante suas práticas, como a dos médicos cirurgiões que operam durante muitos anos, até que suas musculaturas fiquem frágeis e as mãos trêmulas, impedindo os movimentos mais delicados, enquanto profissionais como os arquitetos podem continuar por ainda mais tempo.
É natural que, por melhor que sejamos em nossas profissões, com o tempo percamos a capacidade de quebrar recordes de natação, de correr mais durante uma partida, de vencer fisicamente um adversário, de corrigir a derrapagem de um carro em alta velocidade ou de movimentar um bisturi com precisão milimétrica.
Profissionais de diversas áreas tiveram a capacidade de interromper sua carreira no auge, antes de perderem competitividade e consequentemente serem ultrapassados, deixados para trás ou até deixados de lado quando ainda em atividade, enquanto outros deixaram passar esse momento e apesar de uma carreira de sucesso tiveram fins melancólicos.
O importante é termos a consciência de que isso só não ocorrerá se morrermos antes e procurar, quando chegada essa hora, buscar outra atividade que possamos realizar bem e que nos dê prazer, pois certamente teremos no mínimo a chance de contar aos mais jovens as experiências por nós vividas, para que juntos possamos entender os motivos de nossos erros e acertos, dando a eles a oportunidade de, se desejarem, aprender como fazer e como não deve ser feito.
Como disse Aldous Huxley: “Experiência não é aquilo que acontece a um homem; é o que o homem faz com aquilo que lhe acontece.”
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