sexta-feira, 27 de setembro de 2013

A simplicidade da educação - Por João Bosco Leal

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 A simplicidade da educação
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João Bosco Leal


A simplicidade da educação


A letra da música "Irmãos da Lua", de Renato Teixeira, diz: "Somos todos irmãos da lua / Moramos na mesma rua / Bebemos no mesmo copo / A mesma bebida crua / O caminho já não é novo / Por ele é que passa o povo / Farinha do mesmo saco / Galinha do mesmo ovo /.../ E o simples resolve tudo / Mas tudo na vida às vezes / Consiste em não se ter nada".


É maravilhoso ver como um tema já debatido por séculos pode ser resumido pelo autor, de forma tão clara e objetiva. Quantas soluções simples poderiam ser tomadas, em nosso país e no mundo, que certamente minimizariam a miséria, a fome e todos os tipos de desigualdade entre as pessoas.


Desde a invenção da escrita, a partir de quando foi possível documentar a história da humanidade, não se conhece um só dia em que todos os que habitam nosso planeta estivessem em paz. As guerras tribais por caças, alimentos, domínio de territórios ou por recursos naturais ocorreram diariamente, durante todos os séculos, em algum município, estado, país ou continente e, em duas oportunidades, envolveram praticamente todos eles.


Atualmente, além desses motivos, as guerras ocorrem principalmente por interesses políticos e econômicos, como pelo domínio dos campos de petróleo e mais recentemente por bacias hídricas. O mesmo jogo de poder que busca o domínio de determinadas regiões, deixa de lado outras, sem riquezas naturais importantes, fazendo com que milhões de pessoas no mundo sofram com a falta de alimentos, atendimentos mínimos de saúde ou sem moradia.


São também privadas dos mais modernos meios de comunicação - não dirigidos por esses interesses -, livres como a internet e suas redes sociais, o que as fazem continuar naquela situação sem sequer saber o verdadeiro motivo, ou que existem outras possibilidades.


A região Nordeste do país é um exemplo típico de uma verdadeira guerra que se perpetua contra aquela população, impedindo tenha direito à saúde, moradia e educação. Não interessa aos políticos locais - praticamente todos de pouquíssimas famílias -, que ela tenha um mínimo de instrução, que já seria suficiente para entender que o estudo e a geração de um emprego são melhores e lhe garantem mais futuro que uma "bolsa" alguma coisa.


Que direito possuem os políticos que comandam essa região de, por interesses próprios, impedir que grande parte da região já não esteja irrigada com a água do mar dessalinizada, processo já utilizado em diversas partes do mundo e que pude ver pessoalmente em Cancun, onde até cerveja se fabrica com essa água.


Há décadas o governo federal envia para a região, sistematicamente, quantias incalculáveis de recursos, que só chegam até o palanque onde o político faz seu discurso pregando a solução dos problemas. A partir daí os recursos somem, mas a seca, a fome e o analfabetismo continuam.


Os exemplos ocorrem no mundo todo, onde um pequeno grupo de homens, todos muito arrogantes em virtude de seu poderio econômico e militar, julgam-se com poderes para determinar a vida ou a morte de pessoas, como as que ocorrem em grande parte dos países africanos onde, por falta de simples ações políticas, milhões morrem de fome, outros em disputas tribais e outros - por ignorância -, de doenças como a AIDS.


Em qualquer parte do mundo a educação, a cultura e a consequente qualificação profissional resolveria grande parte dos problemas citados, como ocorreu com a Coréia do Sul, que há menos de cinquenta anos resolveu investir maciçamente na educação de seu povo e atualmente possui um dos maiores parques industriais automobilísticos do mundo.


Mas como canta Renato Teixeira, "O simples resolve tudo, por isso, às vezes não se tem nada".



João Bosco Leal*     www.joaoboscoleal.com.br

*Jornalista e empresário

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Senhores do Universo - Por Edson Paulucci


AMIZADE OU INTERESSE ? - Por HUMBERTO PINHO DA SILVA



 


 





Lamentava-se senhora alentejana que o sobrinho, que tão amigo era dela, em criança, logo que entrou na universidade, deixou de lhe escrever e visitar.


Consolando-a, amiga confidente, dizia-lhe que isso seria motivo de alegria: pois era sinal que nada lhe faltava.


Esse lamento, lembrou-me a velha historieta do jovem que estudava em Coimbra, e não respondia às cartas do pai, lavrador abastado, que mourejava a terra desde a puberdade.


Contando, muito contristado, o ingrato comportamento do filho, no boteco da aldeia, entre amigos mais íntimos, um, prontamente o aconselhou:


- “A culpa é de Vossa Senhoria. Escreva-lhe, dizendo, que junto com a carta, segue nota de cem escudos, mas não a meta. Verá que pela volta do correio receberá carta afetuosa”.


Assim aconteceu. Dentro de dias entregaram-lhe missiva reclamando a nota.


Não sei se será egoísmo ou desprezo, a atitude de muitos, de só se abeirarem de familiares e amigos de infância, quando se lembram que estes lhes podem ser úteis, para realizarem o tal jeitinho, que facilita a entrada no emprego ou passagem no exame.

Digo não sei, porque a amizade devia ser cultivada, mormente por aqueles que receberam carinho desinteressado, na infância. Disse um dia que o sentimento que mais fere é o da ingratidão, e julgo que disse bem, porque não há maior afronta, apartar-se de alguém, porque já não se precisa dele.


Há parentes que moram a poucos passos uns dos outros e só se veem nos atos solenes: batizados, casamentos e funerais, ou quando se recordam que lhes podem ser úteis.


Há amigos que raramente se carteiam, mesmo em dias festivos, e nem pela Internet se dão ao incómodo de agradecer a gentileza de lhe terem enviado foto ou bilhetinho a transbordar de ternura.


Declaram que têm vida muito ocupada - os afazeres nem lhes permite conviverem com os filhos. Mas não recusam jantares com “ importantes”, nem deixam de viajar em fins-de-semana,.. Há tempo para tudo, mas não há para conviverem, quando o parente ou amigo, é pobre ou não lhes pode ser útil.


Para eles, a amizade, é meio de adquirirem influência.


Meu pai tinha amigo, que visitava frequentemente. Um dia ficou internado em Casa de Saúde, a poucos metros da residência do companheiro. Pois, este, não conseguiu encontrar tempo para o visitar.


Certamente dizia lá para consigo: Para quê? Está gravemente doente, à porta da morte. Já não serve para nada, nem para mencionar o meu nome na coluna do jornal. - meu pai era jornalista.


Como os homens são ingratos, bem diferentes dos cachorros, que amam aqueles que com eles convivem, mesmo quando caiem em desgraça ou se afastam por longo tempo.




HUMBERTO PINHO DA SILVA   -   Porto, Portugal



sábado, 21 de setembro de 2013

A vida bem vivida - Por João Bosco Leal

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João Bosco Leal


A vida bem vivida


Na página social de uma amiga de infância li algo que me chamou a atenção: "Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final... Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver. Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome dado, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram".


Logo me lembrei de como os jovens de minha época sempre foram apaixonados, mas também de como os objetos das paixões variaram muito durante nossas vidas. Eles podiam ser por esportes, times, carros, motos, mulheres, ou qualquer outra que tenhamos vivido.


Os jovens das cidades do interior sempre tiveram opções diferentes e em maior quantidade daqueles nascidos nas capitais. Além dos esportes praticados por ambos, estes também realizavam, nas fazendas, montarias em bezerros para que, na época das exposições de gado, pudessem montar nos "torneios dos cabeludos" - uma categoria distinta da dos peões profissionais, destinada aos filhos dos produtores -, e assim "fazer bonito" diante das meninas.


As próximas paixões eram pelas roupas. Todos adoravam estar bem vestidos, com calças tão justas que eram difíceis de ser vestidas. Posteriormente, além de justas, elas eram de cintura alta, como as dos toureiros espanhóis. Os cabelos eram longos e muito bem cortados. Tudo para "conquistar" as meninas que "paqueravam".


As "paqueras" viravam paixões com a mesma facilidade com que deixavam de sê-las, pois só duravam entre o início daquela e o surgimento da próxima. Raras se transformavam em amor e, mesmo assim, em um amor mais jovem, com bem menos compromissos que um amor verdadeiro, que normalmente só se consegue na maturidade.


Depois as paixões eram pelos equipamentos de som, instalados nos "consoles" dos carros, as rodas e pneus de "tala larga", os motores "envenenados", com dupla carburação e todas as consequências, que só quem já as viveu sabe às quais me refiro. Éramos jovens, com nenhum currículo universitário, e já querendo "preparar" um motor, melhor do quem estudou décadas para produzi-lo.


Já na época dos "cursinhos", alguns iniciavam sua etapa mais "responsável", dedicando-se mais aos estudos e pensando em seu futuro, mas muitos continuavam "rebeldes" e só pensavam em "curtir" as novas músicas dos Beatles, dos Rolling Stones. Nesse período, uma minoria insignificante experimentou drogas, raras naquele tempo.


Foi nesse período que todos começaram a traçar caminhos distintos, que gerariam reflexos no resto de suas vidas. Os grupos dos estudiosos, que procuraram cursar faculdades e se profissionalizar na área escolhida, o dos que começaram a ler Kahlil Gibran ou outros grandes pensadores, amadurecendo através deles, e o dos "porra-loucas", que não souberam virar a página dessa época que haviam vivido.


Independentemente de quais foram, é certo que todos se lembram, com saudades, das paixões e das fases da vida que viveram, mas certamente aprenderam, que nenhuma delas pode se misturar à próxima, motivo pelo qual, ao final de cada uma delas, as páginas precisam ser viradas.


As escolhas individuais - a alegria das conquistas e o lamento das perdas delas decorrentes -, fazem o mundo ser como é, totalmente distinto para cada ser humano, que teve a liberdade de optar por como, quando e por quanto tempo viver cada paixão.


A vida bem vivida é aquela repleta de paixões, mas cada uma em sua época.


João Bosco Leal*     www.joaoboscoleal.com.br
*Jornalista e empresário

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Meus sonhos - Por João Bosco Leal

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Joãso Bosco Leal


Meus sonhos


Como homem, tanto na vida afetiva como profissional, sempre tive minhas dúvidas, angústias, medos e inseguranças.


Após o amadurecimento, em muitas coisas tenho pensado. No que já vivi e no que ainda posso viver. Nas coisas das quais me orgulho e nas que poderia ter feito diferente.


Nos dias, únicos, aos quais jamais poderei voltar. Nas coisas agradáveis, outras nem tanto e em fatos verdadeiramente tristes que em alguns deles todos nós já vivemos.


Entendi que as muitas paixões e os coleguismos que tive, podem sim, ocorrer em grande quantidade, mas possuem pouquíssima durabilidade e pouco ou nada nos acrescentam.


As amizades verdadeiras que construí foram raríssimas, mas procuro, frequentemente, irrigar as que criaram raízes. 


Entretanto, por mais que tenha tentado, dos amores que ocorreram, não consegui manter nenhum.


Fazendo essa retrospectiva, entendo claramente que não nos basta viver uma grande história de amor. É preciso que ele sobreviva a várias alegrias e tristezas, primaveras e invernos, chuvas e secas, para ser considerado verdadeiro.


Aprendi que quando amei verdadeiramente, não consegui ser correspondido, e, do mesmo modo, não correspondi a quem, penso, talvez tenha me amado com a mesma intensidade.


Precisei sentir a ausência, para querer a presença que antes tinha. Mas também precisei demonstrar isso de todas as formas - e perceber a indiferença -, para entender que não se ama só.


Entendi que independentemente de todas as zonas de conforto que possamos ter ao lado de nossos amigos, parentes, filhos e netos, o amor jamais poderá ser comparado a nenhum desses sentimentos.


Ele é diferente, mais sublime, real, e inclui outros - como amizade, cumplicidade e companheirismo -, que não são encontrados naqueles.


Que os proporcionadores dessas saciedades temporárias um dia se afastarão, para cuidar da sua própria vida, sobrando então o vazio da solidão, que só poderia ser preenchido por um amor verdadeiro.


Por diversas vezes tentei fazer com que entendessem isso, mas como, afinal, jamais se conseguirá comprovar os reais pensamentos e sentimentos de alguém, percebo também, que acaba ficando o dito pelo não dito.


O escritor italiano Cesare Pavese - 1908 a 1950 -, disse: "O amor tem a virtude, não apenas de desnudar dois amantes um em face do outro, mas também cada um deles diante de si próprio".


Guardo então as lembranças, os momentos, os cheiros e as saudades que, como os tombos, machucados, quebraduras e cicatrizes - físicos ou emocionais -, fazem a história de cada um.


Mas não desisto, sou movido por sonhos e não por lamentos.

João Bosco Leal*   www.joaoboscoleal.com.br
*Jornalista e empresário

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Sobre paixões, amores e sonhos - Por João Bosco Leal


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Sobre paixões, amores e sonhos.

Centenas de artistas, escritores, poetas e diversos outros pensadores mundialmente reconhecidos como de elevado nível cultural, já disseram como, na maturidade, sentem ou sentiram um verdadeiro amor.

Pablo Neruda se expressou: "Te amo sem saber como, nem quando, nem onde, te amo diretamente sem problemas nem orgulho: assim te amo porque não sei amar de outra maneira".

Guimarães Rosa escreveu: "Vem de longe, vem no escuro, brota cresce com a mais remota chuva. Vem de dentro e fundo. Vem de mãos estendidas. Vem de coisa que arrebata. É delicadeza viva forte violenta. Que faz doer, partir, deixar caído. E dói bonito! Cheio de sabor".

Vinicius de Moraes recitou: "A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida".

Fernanda Mello contou: "Você chegou no meu mundo ao contrário. Me olhou bonito e entendeu o meu não-entender."

Mesmo assim poucos conseguiram, ou simplesmente aceitaram a dificuldade de explicar, objetivamente, o que é o amor.

Bob Marley declarou: "Explicar as coisas que eu sinto, é quase como explicar as cores para um cego".

A mesma Fernanda Mello escreveu: "Certas coisas não se explicam. Não existem palavras que as descrevam ou soluções que as resolva. Sentimentos, gestos, sonhos e sorrisos. A alma entende e a boca cala".

Assim, sem tentar entender, simplesmente observo o comportamento das pessoas em relação ao que entendo ser o maior e mais belo sentimento que o ser humano pode experimentar.

Entretanto, apesar de sua grandiosidade, noto que quando uma conduta errônea é cometida por um dos membros do casal, normalmente provoca, no outro, uma enorme dificuldade em perdoar e procurcar solucionar as divergências que causaram chateação, incredulidade, ira, ou qualquer outro sentimento raivoso.

Entendo que, se realmente houvesse amor, elas poderiam e deveriam ser perdoadas. Creio que os erros e enganos, mesmo que enormes, devastadores, não podem acabar com o entusiasmo de novamente semear algo que já deu frutos.

Observo e comovo-me diariamente, com a tristeza, ausência de sonhos, aspereza e cegueira dos que vivem sem estar apaixonados.

Fico perplexo ao ouvir: "vamos deixar o tempo passar" quando, por qualquer motivo, um verdadeiro amor se desfaz, pois quem experimenta um sentimento tão nobre sequer sonha em permanecer distante de seu amor por um único dia.

Nada melhor que a companhia de quem faz seu coração vibrar e, portanto, quem ama deve continuar agindo, falando ou escrevendo, mesmo que contra a vontade daqueles que pelo egoísmo, atraso ou inveja tentam impedir o reatamento dos que se amam.

Escrevo sobre paixão, amor e felicidade, o que muitos nunca sentiram ou sequer sonharam.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Nossas perdas - Por João Bosco Leal

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 João Bosco Lela <artigos@joaoboscoleal.com.br> por  cli12668.p03me.com 
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 30 de agosto de 2013 01:07
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Nossas perdas


Na cultura competitiva em que somos criados, o sentimento de perda, em qualquer aspecto, é de aceitação extremamente difícil para todos, a ponto de, ainda muito pequenos, não gostarmos que outras crianças, por mais próximas que sejam, peguem nossos brinquedos, roupas, ou qualquer coisa que consideramos "nossa".


Isso sempre ocorreu com coisas que as crianças atuais sequer conheceram, como uma bolinha de gude, as bonecas de pano anteriores à era Barbie, um peão, uma casinha de bonecas, um papagaio, um carrinho de rolimã, um trenzinho elétrico, as figurinhas dos álbuns ou qualquer outro brinquedo das crianças da minha geração ou anteriores.


Em seguida, as disputas ocorriam nas mais diversas áreas, como natação, judô, balé, e também aí aqueles que perdiam ficavam muito tristes e até choravam por haverem perdido para outras crianças da mesma idade. Na escola elas eram pelas notas, pela escolha de quem participaria do time de futebol, da representação teatral ou da apresentação de balé.


Na juventude, pela pessoa por quem estávamos "apaixonados", e a perda de uma paixão para outro jovem era bastante dolorosa para aqueles ou aquelas que a perdiam. O sentimento de "perda" daquela pessoa podia, inclusive, criar barreiras psicológicas que dificultavam novas buscas, pelo medo de novamente se passar por aquela situação.


Já na fase adulta, as paixões são aquelas que podem ser sentidas de forma alegre, divertida e por dezenas de vezes durante a vida, que provocam muita felicidade em quem as vive, e só se sente sua perda até o início da próxima.


Poucos, entretanto, são os que conseguem transformar essa paixão em um amor verdadeiro, aquele para quem se deseja dar mais do que receber. Alguém de quem se quer a companhia em todos os momentos de nossas vidas, ao lado de quem nos sentimos em paz, que nos entende, apoia, protege e satisfaz. A pessoa com quem desejamos estar até os últimos dias de nossa vida.


Mas nenhum desses sentimentos provoca tanto impacto na vida de uma pessoa como a morte de um ente querido muito próximo, seja seu amor, o pai, a mãe, um irmão ou filho. Por mais que, desde o nascimento, saibamos que isso ocorrerá, esse é um sentimento que, quando acontece, provoca extrema dor.


Os ocidentais estão culturalmente menos preparados para a morte que os orientais e em decorrência disso, essa ocorrência neles provoca dores imensuráveis e reações individuais distintas, que os afetarão pelo resto de suas vidas.


Milhões já passaram pela vida sem nenhuma perda importante, muitos perderam bastante, mas outros ainda não sentiram algo tão profundo como a morte de quem ama.


Quando um relacionamento onde existia um amor verdadeiro chega ao fim, raramente um deles consegue encontrar um novo amor como aquele, mas quando um dos dois morre, é muito comum o breve falecimento daquele que ainda sobrevivia. Muito difíceis são também as mortes dos pais e irmãos, mas pior ainda é a de um filho, pois pelo menos cronologicamente, ela é inimaginável.


Entretanto, a única maneira para os que já os perderam poderem sobreviver, é olhar para os lados, pois perceberão que milhões perderam ainda mais, em quantidade ou em proximidade. Os que perderam o pai, verão que muitos perderam pai e mãe no mesmo instante e os que perderam um filho, verão que muitos perderam vários, ou todos eles.


Muitos já perderam muito, mas pouco, diante dos que já perderam mais.


João Bosco Leal * www.joaoboscoleal.com.br

*Jornalista e empresário

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

TER VERGONHA NA CARA - Por HUMBERTO PINHO DA SILVA











          Vários escritores, vinham constantemente dizendo, a meu pai, que descesse à Capital. Argumentavam que só quem colaborasse na imprensa de Lisboa, é que era verdadeiramente conhecido e apreciado.


          Embora não concordando, meu pai, resolveu tentar criar secção, com seu nome, em diário lisboeta.


          A tarefa não era fácil, para quem não estava familiarizado com políticos e não se encontrava filiado em partidos e movimentos cívicos.


          Lembrou-se então de ir pedir auxilio a velho amigo de infância, político respeitado, e de grande prestígio, com quem sempre manteve laços fraternos de amizade.


          E uma bela tarde de domingo bateu ao ferrolho de sua residência.


           Este atendeu-o de braços abertos e em grande festa. Após os habituais abraços, meu pai, entrou ao que vinha, ou seja: apresentá-lo ou recomendá-lo a diretor ou administrador de matutino lisboeta, para propor-lhe a criação de coluna sob sua responsabilidade.


          Para isso levava currículo e crónicas, que semanalmente publicava num matutino portuense.


          Após escutar atentamente tudo que meu pai lhe contava, e de passar os olhos pelos artigos, que já conhecia, até era leitor assíduo, segundo disse, declarou desanimadamente:


          - Sabes, Mário, eu até conheço quem pode interessar a colaboração e provavelmente remuneraria generosamente, mas tu escreves no semanário X, e és conhecido pelas tuas ideias religiosas e moralistas, e isso estraga tudo. Deixa o semanário, e escreve artigos a insinuar deslizes do governo. Não é preciso desancar! E eu levo-os ao conhecimento dele. Até posso, se escreveres com pouquinho de pimenta, e grão de sal, dar-te carta de recomendação a diretor de periódico de Barcelona. Como sabes, a imprensa espanhola paga mais que os míseros cem ou cento e cinquenta…


          Nessa noite, na mesa de jantar, com a família reunida, meu pai, após relatar o encontro com o velho companheiro de folguedo, rematou com tristeza e desalento:


          - “Se tenho que abdicar dos meus princípios e valores, que professo, prefiro continuar a ser jornalista da província, e andar de cabeça erguida.


          Meu pai ainda era daquele velho tempo em que haviam homens de vergonha na cara.





HUMBERTO PINHO DA SILVA   -   Porto, Portugal