de:
|
|
responder a:
|
artigos@joaoboscoleal.com.br
|
para:
|
nogueirablog@gmail.com
|
data:
|
30 de agosto de 2013 01:07
|
assunto:
|
Nossas perdas
|
enviado por:
|
cli12668.p03me.com
|
Imagens recebidas deste remetente são
sempre exibidas Não
exibir de agora em diante.
|
Senhor Editor,
eis um novo texto, Nossas perdas, para sua publicação.
Obrigado
João Bosco Leal
Nossas perdas
Na
cultura competitiva em que somos criados, o sentimento de perda, em
qualquer aspecto, é de aceitação extremamente difícil para todos, a
ponto de, ainda muito pequenos, não gostarmos que outras crianças, por
mais próximas que sejam, peguem nossos brinquedos, roupas, ou qualquer
coisa que consideramos "nossa".
Isso
sempre ocorreu com coisas que as crianças atuais sequer conheceram,
como uma bolinha de gude, as bonecas de pano anteriores à era Barbie, um
peão, uma casinha de bonecas, um papagaio, um carrinho de rolimã, um
trenzinho elétrico, as figurinhas dos álbuns ou qualquer outro brinquedo
das crianças da minha geração ou anteriores.
Em
seguida, as disputas ocorriam nas mais diversas áreas, como natação,
judô, balé, e também aí aqueles que perdiam ficavam muito tristes e até
choravam por haverem perdido para outras crianças da mesma idade. Na
escola elas eram pelas notas, pela escolha de quem participaria do time
de futebol, da representação teatral ou da apresentação de balé.
Na
juventude, pela pessoa por quem estávamos "apaixonados", e a perda de
uma paixão para outro jovem era bastante dolorosa para aqueles ou
aquelas que a perdiam. O sentimento de "perda" daquela pessoa podia,
inclusive, criar barreiras psicológicas que dificultavam novas buscas,
pelo medo de novamente se passar por aquela situação.
Já
na fase adulta, as paixões são aquelas que podem ser sentidas de forma
alegre, divertida e por dezenas de vezes durante a vida, que provocam
muita felicidade em quem as vive, e só se sente sua perda até o início
da próxima.
Poucos,
entretanto, são os que conseguem transformar essa paixão em um amor
verdadeiro, aquele para quem se deseja dar mais do que receber. Alguém
de quem se quer a companhia em todos os momentos de nossas vidas, ao
lado de quem nos sentimos em paz, que nos entende, apoia, protege e
satisfaz. A pessoa com quem desejamos estar até os últimos dias de nossa
vida.
Mas
nenhum desses sentimentos provoca tanto impacto na vida de uma pessoa
como a morte de um ente querido muito próximo, seja seu amor, o pai, a
mãe, um irmão ou filho. Por mais que, desde o nascimento, saibamos que
isso ocorrerá, esse é um sentimento que, quando acontece, provoca
extrema dor.
Os
ocidentais estão culturalmente menos preparados para a morte que os
orientais e em decorrência disso, essa ocorrência neles provoca dores
imensuráveis e reações individuais distintas, que os afetarão pelo resto
de suas vidas.
Milhões
já passaram pela vida sem nenhuma perda importante, muitos perderam
bastante, mas outros ainda não sentiram algo tão profundo como a morte
de quem ama.
Quando
um relacionamento onde existia um amor verdadeiro chega ao fim,
raramente um deles consegue encontrar um novo amor como aquele, mas
quando um dos dois morre, é muito comum o breve falecimento daquele que
ainda sobrevivia. Muito difíceis são também as mortes dos pais e irmãos,
mas pior ainda é a de um filho, pois pelo menos cronologicamente, ela é
inimaginável.
Entretanto,
a única maneira para os que já os perderam poderem sobreviver, é olhar
para os lados, pois perceberão que milhões perderam ainda mais, em
quantidade ou em proximidade. Os que perderam o pai, verão que muitos
perderam pai e mãe no mesmo instante e os que perderam um filho, verão
que muitos perderam vários, ou todos eles.
Muitos já perderam muito, mas pouco, diante dos que já perderam mais.
João Bosco Leal * www.joaoboscoleal.com.br
*Jornalista e empresário
Nenhum comentário:
Postar um comentário