segunda-feira, 30 de junho de 2014

Observo - Por João Bosco Leal

  • 27 de junho de 2014

Olho 02
As amadas.
As odiadas.
As ousadas.
As usadas.

As confiantes.
As farsantes.
As militantes.
As vibrantes.

Os avisos.
Os improvisos.
Os indecisos.
Os precisos.

Os bares.
Os lares.
Os luares.
Os mares.

As apaixonadas.
As desprezadas.
As faladas.
As iradas.

As imaginações.
As realizações.
As superações.
As vibrações.

Os gigantes.
Os irrelevantes.
Os meliantes.
Os petulantes.

Os casamentos.
Os momentos.
Os planejamentos.
Os sofrimentos.

As bisonhas.
As enfadonhas.
As risonhas.
As tristonhas.

As controvertidas.
As convertidas.
As divertidas.
As introvertidas.

As chegadas.
As partidas.
Confira no site do João Bosco Leal, clicando neste link:

sábado, 21 de junho de 2014

UM MISSIONÁRIO EM TERRAS DO TIO SAM - Por HUMBERTO PINHO DA SILVA









Numas das minhas viagens a terras de Santa Cruz, encontrei-me com missionário, que administrava programa religioso, numa emissora de rádio.

Após visita aos estúdios, onde se faziam as gravações, cavaqueamos sobre evangelização, e o melhor forma de levar Cristo ao povo.

A conversa descambou, e passamos a falar da sociedade e mentalidades de povos, quiçá, criada pela mass-media e figuras publicas que vivem em cada país.

Contou-me, então, o sacerdote, a viagem que fizera aos Estados Unidos, a fim de angariar donativos para o programa que mantinha na rádio.

Após contactar pastores e fieis das paróquias, houve membros que solicitaram a passagem pelas residências, para buscar donativos.

Selecionou endereços, por ruas e bairros, e iniciou as visitas.

Para seu espanto, verificou, que na maioria das casas, era recebido de modo semelhante:

Viviam em moradias, colocadas em relvados, ou apartamentos, onde o condomínio prestava os serviços essenciais, ao bom funcionamento do lar.

Ao entrar, encontrava, casal e filhos, descalços, estirados no chão, a ver TV.

Antes que dissesse ao que vinha, o chefe da família, sem se erguer, dizia-lhe para ir ao escritório, abrisse determinada gaveta, e retirasse determinada quantia.

Assim fazia, e espantava-se, ao verificar que na gaveta havia centenas de dólares, em dinheiro vivo.

E concluiu assim a narração:” No Brasil, ninguém, faria o mesmo. Mas os crentes americanos não acreditavam, que sacerdote,  indicado pelo pároco, fosse desonesto.

Em Portugal, por mais santo que fosse o missionário, não havia crente que confiasse, quanto mais a um desconhecido e estrangeiro.

É bem verdade: cada povo, cada nação, tem mentalidades diferentes.

Nos Estados Unidos, os poucos que sonegam impostos, negam, mesmo perante amigos. Em Portugal, e Brasil, quem consegue sonegar ao fisco, não só o faz, como ainda se gaba de o ter feito.

Talvez seja por isso que uns progridem e outros, por maior que sejam as riquezas, não passam de nações de futuro.




HUMBERTO PINHO DA SILVA   -   Porto, Portugal



publicado por solpaz às 11:03
link do post | comentar | favorito 
Adicionar ao SAPO Tags | Blogar isto

segunda-feira, 9 de junho de 2014

AVES DE RAPINA - Por HUMBERTO PINHO DA SILVA









Quando faleceu minha mãe, após meses de tremendo sofrimento, que a levou à cegueira – abandonada pelos médicos, ao verificarem que não havia cura, - meu pai foi recomendado, pela funerária, que pertencia a amigo de meu avô, a retirar objectos pequenos, das salas, que familiares e amigos teriam acesso.

Ajudei-o nessa ingrata tarefa, segurando com fino arame e fio do norte, pinturas e gravuras que se encontravam ao longo da escadaria.

O velho e íntimo amigo de meu avô, era católico e monárquico, de sete costados, em época que era crime grave, ser cristão e adepto do rei deposto. Atrevimento que, algumas vezes, pagava-se com a vida.

Foi igualmente aconselhado a depositar o corpo em capela. Era mais seguro - informaram, - livre de aves de rapina que habitualmente frequentam velórios.

Conselho que recusou. Faltou-lhe coragem de abandonar a mulher, em capela pública, cujas portas encerravam às primeiras horas da madrugada.

Deixou-a no leito, coberta com lençóis do enxoval; sem velas, sem flores, de janelas escancaradas, por onde luminoso sol entrava a rodos.

Amigos, conhecidos e curiosos, subiam as escadas. Penetravam, a medo, no quarto, e ficavam chocados ao verem-na “ dormindo”.

Decorridos minutos, espantados, declaravam: “ Assim não impressiona tanto!….”

Agora devo dizer que não gosto de ir a funerais. Não gosto, porque neles encontra-se o pior que existe nos humanos: hipocrisia, bajulação, ganância, à mistura de frases feitas; e ainda que digam que sentem muito, a maioria não sente nada.

São aves de rapina que rondam carne morta, em busca de interesses.

Familiares existem, que recebem a morte com alívio: ou porque o doente era um estorvo, ou porque finalmente vão receber bens, que muitas vezes, não conseguiram obter com testamentos, procurações e doações….

É a vida! Melhor: é a morte!



HUMBERTO PINHO DA SILVA   -   Porto, Portugal



terça-feira, 3 de junho de 2014

A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE - Por HUMBERTO PINHO DA SILVA

 







"Todos buscam as suas próprias coisas,
e não as que são de Jesus Cristo."
           (Fl 2:21)


Graças aos modernos meios de comunicação, o Evangelho foi praticamente difundido em todo o mundo.

Mas, infelizmente, o cristianismo, tendo ganho em quantidade, perdeu, e muito, em qualidade, porque nas últimas décadas surgiram seitas, apelidadas de neopentecostais, que exercem “evangelização” agressiva, baseada em marketing empresarial.

Como se fossem simples estabelecimentos, vendem produtos que vão ao encontro de desejos e interesses dos que amam o mundo: dinheiro, status sociais, fama, sucesso imediato, a troco de ofertas, algumas bem generosas…

Os líderes dessas novas seitas aparecem em programas televisivos, com gestos estudados, como vedetas, como se fossem estrelas de cinema ou ídolos desportivos.

Alguns possuem canais de TV, postos de rádio e jornais e revistas de grande tiragem, quase sempre aparecendo como independentes e generalistas.

São, na realidade, publicações camufladas, ao serviço do líder, que administra o “império” como empresário multinacional.

Possuem aviões, várias residências, e numerosas empresas que vivem à sombra da “Igreja”.

Em regra, tudo, ou quase tudo, encontra-se como propriedade da denominação, para fugirem ao fisco, mas o proveito é próprio.

Há dissimulada concorrência entre os supersacerdotes. Concorrência que se verifica não só em ridicularizar a “fé” dos antagonistas, mas na construção de megatemplos.

O púlpito eletrónico, muito em voga, serve, quantas vezes, para o pastor obter prestígio e dinheiro, e não para difundir a doutrina, como muitos pensam.

Esses “sacerdotes” pululam, já que o “ negócio” vai de vento em popa – parece, o que não é verdade, já não haver quem evangelize ou “cure” de graça!

Infelizmente chegam a contagiar as verdadeiras Igrejas Evangélicas, e até certo clero católico.

Nos seus templos, supermercados de religião, resolvem desde problemas amorosos, a financeiros. Para isso “ vendem”: água, óleos, toalhinhas e até livros… que realizam milagres, que crendeiros e supersticiosos, adquirem e recomendam.

Felizmente nem todos os neopentecostais caiem nesses exageros desonestos - há sempre gente honesta em todo lado, - mas quase todos são excelentes psicólogos e conhecedores de truques eficazes para arrastar multidões e explorarem os simples.

Graças ao Papa Francisco, homem integro, corajoso e humilde, que convive com todos, não fazendo exceções de pessoas e classes, o catolicismo parece estar livre do contágio desses oportunistas – que  servem-se das necessidades do povo para terem melhor vida…, – já que Sua Santidade anda empenhado em reformar a Igreja, aproximando-A dos ideais primitivos.




HUMBERTO PINHO DA SILVA   -   Porto, Portugal




domingo, 1 de junho de 2014

Quem és? - Por João Bosco Leal

  • 30 de maio de 2014
  • »

Corrupção 10Que só usa carro do ano?
Que só voa em jato particular?
Que só se veste com roupas de marca feitas por encomenda?
Que só usa calçados feitos de cromo alemão?
Que só fuma charutos cubanos?
Que bebe vinhos que custam salários?
Que usa jóias que comprariam casas?
Que frequenta restaurantes extremamente caros?
Que assiste a shows exclusivos?
Que de você muito se fala?
Que nas ruas raramente é encontrado?
Que possui camarotes que o separam dos outros?
Que de sua mansão, não vê os que sentem frio?
Que não alimenta os que passam fome?
Que não se importa com as filas nos hospitais?
Que não conhece pessoas humildes?
Que não conversa com analfabetos?
Que não se lembra de seus amigos de infância?
Que sobre tudo, sabe mais que todos?
Que pouco tinhas, mas hoje muito tens?
Que convincentemente, não explica como enriqueceu?
Que em nome de outros muitos bens possui?
Que se acha inatingível?
Que tanta gente prejudicou?
Que provoca vergonha em muitos?
Que seus netos ainda ouvirão sobre suas corrupções?
Lembre-se que, sem nada ou ninguém, ao pó voltarás e ao seu lado sepultarão quem não conheces.


*Jornalista, escritor e empresário.