domingo, 30 de junho de 2013

QUEM NÃO TRABUCA NÃO MANDUCA - Por HUMBERTO PINHO DA SILVA












Nem sempre o anexim é exacto, quantas vezes, por muito trabucar, é que nunca se passa, como diz o povo: da cepa torta.

Convivi, nos meus tempos liceais, com filho de modesto lavrador, que em menino, todos os dias - fizesse sol ou chuva, - acompanhava os irmãos, nas tarefas campestres.

Enquanto rasgavam sulcos na terra parda, para a água irrigar a viçosa horta, o preguiçoso, permanecia, cantarolando, de papo para o ar, apanhando sol ou jogando pedrinhas.

Bem lhe ralhava, o pai, ameaçando-o com severos castigos, e não poucas vezes, pedia auxilio à sibata e ao cinto de celeiro, na esperança que fossem milagreiros.

Desesperado, após confidenciar com a mulher, assentou enviá-lo para a cidade, como marçano, na lojinha do primo.

Poucos dias decorreram, quando recebeu carta, dizendo que o mocinho era desobediente e nada queria fazer.

Lembraram-se, a conselho do Sr. Abade, matricula-lo no liceu. Ao interrogá-lo, respondeu: que sim, se não houvesse a palmatória, que tanto trabalhara na “primária”.

Preguiçando, estudando em cima dos exames, copiando e colando aqui e ali, completou o curso.

Tornou-se abastado advogado, enquanto os irmãos, por serem trabalhadores, terminaram a velhice a labutar a terra, com modestíssimos rendimentos.

Outro assunto; o mesmo tema:

Nos anos cinquenta, meu pai, conheceu religiosa, muito risonha, de olhinhos vivos e gaiatos, que, cavaqueando, confidenciou-lhe:

- “ Fui mulher de limpeza num hospital dirigido pelas Irmãs Hospitaleiras. Diziam-me: “ Altina, limpe aqui! Altina, precisa de ter mais cuidado!" Os médicos eram mais duros: “ Altina, parece que tem ovos debaixo dos braços! Altina, quer que me queixe à madre superiora!?" Agora, que sou freira, tratam-me carinhosamente por irmã, e até o Sr. director, beija-me respeitosamente, a mão!”

Outra história, não menos curiosa:

Décadas a traz, havia em terras transmontanas, freira que passava as férias na aldeia natal. Ao perguntarem-lhe se gostava da vida religiosa, prontamente respondia, muito espevitada:

- “Aqui na aldeia tinha que levantar-me de madrugada para apanhar azeitona, em pleno Inverno. Mondava até quebrar a espinha e ceifava até o suor cair em bica. Agora tenho criadas para os serviços pesados…”

Mais outra, não menos interessante:

Com a chegada da democracia, a Portugal, chegaram pastores evangélicos, com mulher e filhos.

Quase todos levavam vida folgada. Os crentes murmuravam, em surdina, que auferiam salários principescos.

Jovens, constatando que era menos penoso ser pastor do que padre, tiveram súbitas “ conversões” e “vocações”, na esperança de vida melhor, do que lavrar terra e trabalhar na oficina.

Pobre diabo – salvo seja! - de S. Mamede Infestas, que percorreu seis denominações e terminara em pequeníssima garagem, com meia dúzia de fieis, lamentava-se, com pontinha de inveja, que cozinheiro afortunado, tornou-se pastor e ganhava seis contos mensais! - e com largo gesto desanimador, rematava: limpinhos! …limpinhos! …

Com isto termino, dizendo, embora pareça paradoxo, que quem muito se afadiga, nem sempre tem sorte, já que este permeia, quantas vezes, quem não gosta de trabucar.

Bem diz o nosso povo: ninguém chega a rico, trabalhando...




HUMBERTO PINHO DA SILVA   -   Porto, Portugal




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quinta-feira, 20 de junho de 2013

DESCARAMENTOS - Por HUMBERTO PINHO DA SILVA

Terça-feira, 18 de Junho de 2013
  








Estando na airosa cidade de Florianópolis, a subir ampla escadaria de pedra, que nos leva à Matriz, deparei com duas gentis meninas, que ofertavam colorido jornal.

Aceitei a gentileza, e agradeci penhorado, pensando tratar-se do periódico da diocese.

Entrei no templo, e verifiquei, que, depositado nos bancos, encontravam-se exemplares do periódico, certamente abandonados pelos crentes.

Ao sair, foi repousar no acolhedor jardim, que fica defronte. Abri o jornal, e para meu espanto verifiquei que era o órgão oficial de seita, amplamente espalhada no Brasil, e não só, que movimenta grossos milhões de reais.

Outro assunto:

Assistia à missa dominical num templo, na cidade do Porto De repente ouve-se tocar o telemóvel (celular). Circunvaguei os olhos e vi senhora, ainda jovem, erguer-se e encaminhar para junto do pórtico.

Nesse momento o sacerdote iniciava a homilia.

Perante a indignação dos presentes, a senhora atendia o telefone em alta voz, abafando as palavras do padre. Foi preciso a interferência de um crente, para que fizesse o favor de abandonar o templo.

Outra cena caricata, na igreja:

Num domingo, em Mogofores, entra senhora, de aspecto estrangeiro, na igreja, e começa a distribuir panfleto, solicitando contribuição para criancinha gravemente doente.

Decorridos minutos, recolhe o panfleto e donativos.

Tudo se passa durante o culto.

Desconheço se o peditório era para engrossar esperto, organização criminosa, ou para apoiar família que vivia momentos de grande aflição.

Estes exemplos mostram cenas frequentes nas nossas igrejas e são demonstrativos de abusos inclassificáveis, e falta de educação.

Poderia abordar outros casos reprováveis, ocorridos em lugares públicos. Como: o feio hábito de ouvir rádio, em altos gritos, nos transportes públicos; colocar os pés nos assentos, sem respeito pela conservação dos estofos, nem pelos passageiros que os vão utilizar, e muitos outros desconcertos.

Mas, por hoje basta.




HUMBERTO PINHO DA SILVA   -   Porto, Portugal




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segunda-feira, 17 de junho de 2013

Na mesma moeda - Por João Bosco Leal

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 João Bosco Leal <artigos@joaoboscoleal.com.br> por  cli12668.bounceret.com 
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Senhor Editor,
Envio um novo texto, Na mesma moeda, para sua publicação.
Obrigado,
João Bosco Leal
Na mesma moeda 

Acompanhando o noticiário sobre as invasões de terras por índios com apoio e incentivo de ONG's Internacionais, do CIMI - Conselho Indigenista Missionário da Igreja Católica e da FUNAI - Fundação Nacional do Índio, fico imaginando como se sentem os produtores rurais invadidos em relação à incapacidade e à falta de interesse do Poder Executivo em simplesmente fazer cumpri a lei.

E para os que dizem que essa invasão não é crime, que a terra era dos índios, lembro que todas as áreas possuem documentos originários do Governo, que titulou ou vendeu terras devolutas há décadas ou, em muitos casos há até mais de um século, quando tinha interesse em colonizar as regiões centrais e norte do país e para isto incentivou a criação de novas fronteiras agrícolas.

Ora, se os títulos originais das terras são do Governo Federal, autorizado pelo Congresso Nacional a emiti-los, invadi-las ou dizer que eram de índios é desacreditar todo o Congresso, o Poder Executivo e o Judiciário do país, que, ao longo dos séculos montou a estrutura democrática e capitalista hoje vigente no país e que os ideólogos socialistas hoje no poder pretendem destruir.

Mas se isso ainda não convence, outro questionamento que coloco é sobre os diversos direitos que estamos criando dentro de um mesmo país, quando exigimos regimes de cotas raciais ou de qualquer outro tipo nas escolas e direitos distintos aos índios que podem invadir, destruir e roubar sem serem expulsos e presos por isso, pois independente de raça, cor da pele ou mesmo ideologia, somos todos brasileiros e - pelo menos em tese -, deveríamos ter os mesmos direitos e obrigações. A lei precisa ser igual para todos.

O que estamos discutindo é o direito de propriedade, sem o qual deixaria de existir a estrutura social capitalista em que vivemos, e esta é a verdadeira intenção dos ideólogos de outro regime que estão por trás dessas invasões e dos incentivos ao descumprimento de mandados judiciais.

Em um de seus textos Rodrigo Constantino disse que "Tem uma turma da elite culpada que chama isso de justiça, desde que não cheguem até a SUA linda casinha no conforto urbano, protegido pela polícia "fascista"...".

Imagino qual seria o tratamento dado aos produtores rurais que invadissem, destruíssem e roubassem as sedes dessas ONG's, as chácaras, seminários e prédios onde residem os Salesianos, os padres que comandam o CIMI, e as casas onde residem os dirigentes, antropólogos e ambientalistas da FUNAI.  

Certamente a Presidente da República não iria convocar ministros para se reunir com todos os lados envolvidos declarando que, com isso, estava buscando uma solução pacífica. Não iria gastar milhões com o envio e manutenção de homens da Força Nacional de Segurança para ficarem simplesmente observando as áreas invadidas sem nada fazer e até protegendo os invasores.

E é assim porque a cúpula do Poder Executivo no país - que a comanda - é ideologicamente favorável à destruição do regime capitalista, para a implantação do socialismo (quem sabe Bolivariano). Nos países onde isso já ocorreu, a destruição do sistema produtivo foi o caminho mais utilizado - como nos exemplos mais recentes, de países vizinhos e da América Central -, pois como sua consequência ocorre a miséria, abrindo as portas para os ideólogos socialistas alegarem ser a mudança de regime a única solução.

O pagamento na mesma moeda, com produtores rurais invadindo, destruindo e saqueando a estrutura que está por trás disso, certamente provocaria uma solução mais rápida, equilibrada e definitiva.

João Bosco Leal    www.joaoboscoleal.com.br


*Jornalista e empresário

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Interpretações - Por João Bosco Leal


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 João Bosco Leal <artigos@joaoboscoleal.com.br> por  cli12668.bounceret.com 
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Senhor Editor,

eis um novo texto, Interpretações, para publicação.

Obrigado,

João Bosco Leal



Interpretações


Trabalhando há anos com política classista, vinha me especializando em direito de propriedade e, sobre esse tema, escrevia alguns raros textos. Em determinada ocasião montei um blog na internet onde postei, durante um mês, o diário e as fotos dos locais por onde passava durante uma viagem de moto que fiz, por quatro países, com quem à época era minha esposa.


Eram minhas únicas experiências como "escritor", mas ao sofrer um acidente moto ciclístico e ficar acamado, imobilizado durante dois anos, comecei a observar tudo e todos à minha volta.


A ausência de pessoas que considerava amigas e a presença constante de outras que não imaginava ser, o noticiário do que estava ocorrendo no mundo, a leitura de novos livros e o tempo totalmente ocioso, faziam minha mente pensar sobre muitas coisas que antes não pensava e pouco a pouco fui colocando no papel o que sentia sobre minhas observações, pensamentos e sentimentos.


Entretanto, sempre tive consciência de não possuir preparo literário suficiente para - que seja razoavelmente -, escrever de forma a ser considerado um escritor. Escrevo simplesmente porque gosto e penso que algum dia algum de meus descendentes pode ter a curiosidade de saber o que seu antepassado pensava sobre determinado assunto, ou como eram os costumes da época.


Atualmente, através dos comentários postados no próprio blog onde os publico, nos jornais, revistas, sites, blogs e outras redes sociais onde os mesmos são republicados, ou mesmo quando me dizem pessoalmente como o entenderam, tenho até me divertido ao perceber como cada pessoa interpreta um texto de modo diferente.


Imaginam que escrevi isso por aquilo e ouvindo várias delas separadamente, fica claro que cada uma imagina que escrevi aquele texto por uma ocorrência específica ou para determinada pessoa. As interpretações dos motivos pelos quais ou para quem escrevi uma frase, um parágrafo ou um texto, são de uma diversidade inimaginável. 


Quando escrevi algo direcionado a alguém - como já ocorreu em algumas oportunidades -, certamente o texto não se tornou público, ou a pessoa para quem foi escrito foi antecipadamente informada da "homenagem" que seria publicada, mas não foi o que ocorreu em relação a alguns textos sobre os quais ouvi esse tipo de interpretação.


A partir de ocorrências como essas podemos imaginar os motivos pelos quais, durante séculos, não se chega a um acordo sobre nenhum parágrafo bíblico. Cada um interpreta de uma forma e uma das consequências disso foi e continua sendo a criação de uma infinidade de igrejas pelo mundo que seguem a mesma Bíblia com interpretações diferentes, inclusive entre os membros de uma mesma igreja, o que normalmente provoca a criação de outra e assim por diante.


Isso torna a escrita uma das mais fascinantes capacidades do ser humano, uma vez que transcende o tempo, documenta a história e as descobertas em todos os aspectos, cria fatos, imaginações, lendas, estórias e, claro, gera cultura.


Há um brocardo latino que define isso com precisão: "Verba volant, scripta manent" ou "Palavras voam, a escrita permanece".


Após ter "parido" um texto, praticamente já nem me lembro dele, passando a observar novas coisas, pessoas, comportamentos e situações, que possam gerar a criação de outro e ao escrever sobre essas minhas interpretações, não penso em como o texto será interpretado por quem o ler.


A interpretação um texto cabe ao leitor, que a fará de acordo com sua educação, nível cultural e suas próprias experiências.


João Bosco Leal    www.joaoboscoleal.com.br


* Jornalista e empresário

domingo, 2 de junho de 2013

A CRIANÇA E A ORAÇÃO - Por HUMBERTO PINHO DA SILVA










Em “ Mistérios de Fafe”, Camilo, o maior prosador de língua portuguesa, descreve magistralmente o diálogo travado entre Rosa, filha de rendeiro de terras, mas educada, desde menina, por fidalga, sua madrinha, e o marido, rústico espingardeiro de Guimarães.

Escreve Camilo, que Rosa, lamentava-se que a sogra, muito beata, obrigava-a a permanecer horas afio diante do santuário de pau-preto, tonta de sono, em continuas rezas, que lhe deixavam os joelhos numa lástima.

O marido, ouvia-a atentamente, e no íntimo dava-lhe razão, mas não era capaz de advertir a velha, sua mãe.

Muitos, mormente na minha juventude, encaminhavam as crianças, para missas enfadonhas, que nada lhes diziam, e obrigavam-nas a rezarem o rosário ou terço, seguidos de litanias infindáveis.

Ora a oração não é um dever, e menos ainda obrigação, mas conversa com Deus, que deve ser franca, simples e alegre.

Não devem ser obrigadas a rezarem orações estereotipadas, que contêm palavras, cujo significado desconhecem.

Basta que saibam o Pai-Nosso e a Avé- Maria e pouco mais, e que as recitem ao deitar e levantar.

Dizia e bem, a filha do Conde Drost Zu Vischering, Clemente Haidenreich, a beata Irmã Maria, que viveu e faleceu na cidade do Porto, que cantar e andar sempre com o pensamento em Deus, já é rezar.

Cantemos com os jovens cânticos alegres, que os incitem a procurar o Senhor.

O bom costume, atualmente em desuso, de ler passagens bíblicas, ao serão, em família, era hábito salutar.

Ofertar aos filhos Bíblia adaptada às crianças é, também, de grande proveito.

Falo da Bíblia, porque é a Palavra de Deus; mas livros devotos ou que apresentam vida de santos, são excelentes para a formação espiritual e moral da mocidade.

Pretende-se que os jovens reconheçam que orar não é repetir orações enfadonhas, como se castigo fosse.

Jacinta, vidente de Fátima, disse que antes das visões, abreviavam a reza do terço, dizendo apenas “Ave-Marias” e “ Pai-Nosso”. Deste jeito o tempo de oração era curtíssimo, e tinham, assim, mais horas de brincadeira.

Para os pastorzinhos, antes de terem contacto com Nossa Senhora, rezar não era diálogo, mas obrigação, que consideravam desnecessária.

Ajudemos os nossos filhos a amadurecerem espiritualmente, lendo as passagens mais interessantes da Bíblia, e entoando, com eles, formosos e edificantes hinos.

Rezar é cantar. Orar pelos doentes, pelos amigos por infelizes e pela paz do mundo e da alma.

Se assim se fizer, por certo, seguirão o caminho certo.
E se “desgarrarem”, afastando-se da Verdade, a culpa não será nossa.

Então resta-nos rezar para que o filho pródigo volte a buscar e reconciliar-se com o Pai.



HUMBERTO PINHO DA SILVA   -   Porto, Portugal




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