domingo, 10 de junho de 2012

As regras de convivência - Por (*) João Bosco Leal



8 de junho de 2012 

Certa vez uma pessoa me disse sempre se lembrar de uma imagem que lhe ficou gravada na memória ainda durante sua infância: a dos animais de tração, nos quais são colocados tapa-olhos laterais, para que não consigam ver nada ao seu lado, que concentrem os olhares no horizonte à frente e dessa forma sejam levados a realizar trabalhos que jamais fariam caso soubessem o que estavam fazendo.

Sem que percebamos, no decorrer da vida vamos adquirindo hábitos bons e outros nem sempre recomendáveis, como os modos agressivos de nos expressar, agir ou reagir, conceitos e pré-conceitos sobre tudo e todos ou nos impondo diversas regras que um dia saberemos não terem nenhuma utilidade.

Por esses motivos, em algumas oportunidades tomamos atitudes, dizemos ou escrevemos coisas que não são bem entendidas por quem as vê, ouve ou lê, pois muitas vezes as pessoas entendem o que se fez, disse ou escreveu, de forma totalmente diversa entre elas e também distinta da verdadeira intenção do autor das ações, palavras ou textos.

Entretanto, quando por natureza ou por formação possuímos comportamentos mais rígidos, os que nos são próximos e até os muito queridos passam a interpretar nossas atitudes, palavras e escritas também sem nenhuma flexibilidade, imaginando que queríamos mostrar ou dizer algo diferente do que realmente fizemos.

Diversas coisas nos são ensinadas ou impostas como necessárias, quando muitas são inúteis, guardadas desnecessariamente em nossas gavetas mentais, ocupando espaços que poderiam estar ocupados com algo mais interessante ou limpos e abertos para aprendizados mais importantes.

Se pensarmos nas regras de convivência que nos foram transmitidas durante a vida, assimiladas da maneira como as entendemos e naquelas criadas por nós e adicionadas à listagem geral, veremos que estamos como os animais com os tapa-olhos, pois poucas foram as realmente úteis, mas muitos foram os maus hábitos adquiridos.

Quantas vezes já dissemos palavras desnecessárias, agressivas, que não produziram os efeitos desejados e pioraram as situações?

Explicamos algo que não foi corretamente entendido, muitas vezes provocando afastamentos desnecessários de pessoas, simplesmente por não termos buscado esclarecer?

Ou deixamos de dizer abertamente o que estávamos pensando ou sentindo, perdendo grandes oportunidades que talvez nunca mais voltem?

Sempre pensei que não se deve dizer a uma pessoa que ela “tem que”, pois ninguém deve ser obrigado a algo e em conversas com os que me cercam dizia que quando ouvia isso, logo me vinha a vontade de dizer que agora é que “não tenho que mais nada”, pois ninguém me obrigará a fazer o que não desejo.

Mas há muito aprendi que regras imutáveis de convivência não existem. O que expressamos hoje, pode não ser o mesmo que estaremos pensando amanhã. O que é válido hoje provavelmente já não o será na próxima década.

A evolução humana é uma constante e graças a ela hoje não estamos como os animais que usam tapa-olhos, olhando somente para o que está à nossa frente, sem acreditar na existência de algo além do horizonte que enxergamos.

Nos mais diversos tipos de relacionamentos humanos, a regra que sempre deve estar presente é o bom senso.

(*) João Bosco Leal - jornalista, reg. MTE nº 1019/MS, escritor, articulista político, produtor rural e palestrante sobre assuntos ligados ao agronegócio e conflitos agrários.

MATÉRIA ENVIADA PELO AUTOR, PARA PUBLICAÇÃO, SOB SUA EXCLUSIVA RESPONSABILIDADE – VEJA-A NO SEU SITE, CLICANDO AQUI.

Nenhum comentário:

Postar um comentário