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artigos@joaoboscoleal.com.br
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para:
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nogueirablog@gmail.com
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data:
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8 de novembro de 2013 02:13
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assunto:
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A interpretação
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enviado por:
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cli12668.p03me.com
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Importante principalmente porque foi
enviada diretamente para você.
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Senhor Editor,
eis um novo texto, A interpretação, para sua publicação.
Obrigado
João Bosco Leal
A interpretação
O
deserto que atravessei / Ninguém me viu passar / Estranha e só / Nem
pude ver que o céu é maior / Tentei dizer / Mas vi você / Tão longe de
chegar / Mais perto de algum lugar / É deserto onde eu te encontrei /
Você me viu passar / Correndo só / Nem pude ver que o tempo é maior /
Olhei pra mim / Me vi assim / Tão perto de chegar / Onde você não está /
No silêncio uma catedral / Um templo em mim / Onde eu possa ser imortal
/ Mas vai existir / Eu sei, vai ter que existir / Vai resistir nosso
lugar / Solidão, quem pode evitar? / Te encontro enfim / Meu coração é
secular / Sonha e desagua dentro de mim / Amanhã, devagar / Me diz como
voltar / Se eu disser que foi por amor / Não vou mentir pra mim / Se eu
disser deixa pra depois / Não foi sempre assim.
A
letra acima, da música Catedral, uma composição de Tanita Tikaran com
versão e interpretação de Zélia Duncan, é uma das que, apesar de
juntamente com a cantora tê-la cantado centenas de vezes quando era
tocada em uma rádio, CD ou em MP3, me fez perceber que só agora, na
maturidade, consigo ouvir músicas que antes só havia escutado.
Quantas
vezes me senti só, em um deserto, mesmo que entre milhares ou estranho
mesmo que entre conhecidos, como diz a música. É um sentimento que
atualmente afeta milhões de pessoas que apesar de tecnologicamente
próximas de qualquer pessoa do planeta, ao mesmo tempo estão sós, diante
de uma máquina que naquele momento as conecta ao mundo através da
internet.
Quando
conhecemos uma pessoa no mundo virtual, é fácil perceber que aquele
alguém está muito longe dali e mais perto de outro lugar. Que há uma
distância enorme entre nós e o que vemos perto, mas lá não está.
Essa
poderia ser uma das interpretações dadas ao que o autor pretendia
dizer, mas claro, cada um interpreta a letra de uma música ou de um
texto de acordo com sua ótica, sua realidade, sua história de vida.
Porém,
independentemente das possibilidades de interpretações, o importante
não é escutarmos as músicas ou lermos os textos, mas ouvi-los e
entende-los, para podermos tirar o maior proveito possível do
ensinamento ali disponibilizado.
Os
detalhes dos arranjos e principalmente as mensagens das letras, nunca
foram por mim ouvidos e entendidos como atualmente. Gostava do ritmo de
músicas que escutava, e logo imaginava se eram boas para dançar,
refletir, namorar, trocar carinhos ou tantas outras ocasiões, mas não as
ouvia verdadeiramente. Repetia exaustivamente o refrão de uma música
sem nunca pensar no que dizia.
Entretanto,
durante a vida aprendemos a interpretar melhor não só as letras das
músicas e dos textos. Os livros lidos no passado passam a ter outro
significado quando agora revistos. As poesias emocionam mais e as letras
das músicas tocam mais profundamente.
Passamos
a perceber com maior clareza o que nos é dito ou transmitido através
das palavras, atitudes ou mesmo de expressões corporais, e como pequenos
detalhes nas comunicações aproxima ou afasta pessoas. Tudo isso nos
mostra coisas que antes víamos, mas não enxergávamos.
Aprendemos
que, analisando variáveis como condições, local e contexto em que
atitudes foram tomadas ou palavras ditas, seria possível entender de
forma mais abrangente o que uma pessoa realmente fez ou pretendeu dizer.
A interpretação de hoje certamente não será a mesma de amanhã e o que ontem não podia ser feito, no futuro certamente poderá.
João Bosco Leal www.joaoboscoleal.com.br
*Jornalista e empresário