segunda-feira, 11 de novembro de 2013

A interpretação - Por João Bosco Leal

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 A interpretação
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João Bosco Leal



A interpretação

O deserto que atravessei / Ninguém me viu passar / Estranha e só / Nem pude ver que o céu é maior / Tentei dizer / Mas vi você / Tão longe de chegar / Mais perto de algum lugar / É deserto onde eu te encontrei / Você me viu passar / Correndo só / Nem pude ver que o tempo é maior / Olhei pra mim / Me vi assim / Tão perto de chegar / Onde você não está / No silêncio uma catedral / Um templo em mim / Onde eu possa ser imortal / Mas vai existir / Eu sei, vai ter que existir / Vai resistir nosso lugar / Solidão, quem pode evitar? / Te encontro enfim / Meu coração é secular / Sonha e desagua dentro de mim / Amanhã, devagar / Me diz como voltar / Se eu disser que foi por amor / Não vou mentir pra mim / Se eu disser deixa pra depois / Não foi sempre assim.

A letra acima, da música Catedral, uma composição de Tanita Tikaran com versão e interpretação de Zélia Duncan, é uma das que, apesar de juntamente com a cantora tê-la cantado centenas de vezes quando era tocada em uma rádio, CD ou em MP3, me fez perceber que só agora, na maturidade, consigo ouvir músicas que antes só havia escutado.

Quantas vezes me senti só, em um deserto, mesmo que entre milhares ou estranho mesmo que entre conhecidos, como diz a música. É um sentimento que atualmente afeta milhões de pessoas que apesar de tecnologicamente próximas de qualquer pessoa do planeta, ao mesmo tempo estão sós, diante de uma máquina que naquele momento as conecta ao mundo através da internet.

Quando conhecemos uma pessoa no mundo virtual, é fácil perceber que aquele alguém está muito longe dali e mais perto de outro lugar. Que há uma distância enorme entre nós e o que vemos perto, mas lá não está.

Essa poderia ser uma das interpretações dadas ao que o autor pretendia dizer, mas claro, cada um interpreta a letra de uma música ou de um texto de acordo com sua ótica, sua realidade, sua história de vida.

Porém, independentemente das possibilidades de interpretações, o importante não é escutarmos as músicas ou lermos os textos, mas ouvi-los e entende-los, para podermos tirar o maior proveito possível do ensinamento ali disponibilizado.

Os detalhes dos arranjos e principalmente as mensagens das letras, nunca foram por mim ouvidos e entendidos como atualmente. Gostava do ritmo de músicas que escutava, e logo imaginava se eram boas para dançar, refletir, namorar, trocar carinhos ou tantas outras ocasiões, mas não as ouvia verdadeiramente. Repetia exaustivamente o refrão de uma música sem nunca pensar no que dizia.

Entretanto, durante a vida aprendemos a interpretar melhor não só as letras das músicas e dos textos. Os livros lidos no passado passam a ter outro significado quando agora revistos. As poesias emocionam mais e as letras das músicas tocam mais profundamente.

Passamos a perceber com maior clareza o que nos é dito ou transmitido através das palavras, atitudes ou mesmo de expressões corporais, e como pequenos detalhes nas comunicações aproxima ou afasta pessoas. Tudo isso nos mostra coisas que antes víamos, mas não enxergávamos.

Aprendemos que, analisando variáveis como condições, local e contexto em que atitudes foram tomadas ou palavras ditas, seria possível entender de forma mais abrangente o que uma pessoa realmente fez ou pretendeu dizer.

A interpretação de hoje certamente não será a mesma de amanhã e o que ontem não podia ser feito, no futuro certamente poderá.

João Bosco Leal   www.joaoboscoleal.com.br


*Jornalista e empresário

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

BOM GOSTO É SINONIMO DE RIQUEZA? - Por HUMBERTO PINHO DA SILVA









Quando meus avós paternos faleceram, meu pai tinha oito anos. Foi nomeado Conselho de Família, e coube à avó materna a missão de tutora.

Como órfão indefeso, parte do modesto património, foi lapidado, não pela tutora, que era uma santa mulher, mas por alguns membros do Conselho de Família, que aproveitaram sua ingenuidade.

Mas isso, são, como se usa dizer, águas passadas.

Do pequeno património que meu pai recebeu, havia velha casa de alforge, do século XlX, de ar sisudo e solene, cujas largas e grossas tábuas do soalho, encontravam-se luradas de caruncho, e com fundos sulcos de esfregas, a carqueja e piaçaba.

Após o casamento, estabelecida a vida, meu pai iniciou o embelezamento do velhíssimo prédio.

O dinheiro era escasso; não permitia obras profundas.

Os gastos soalhos, foram cobertos a viochene, e receberam generosa camada de cera. Nas partes degradadas, pequenos tapetes taparam as mazelas.
As paredes de estuque, enegrecido pelo fumo de candeeiros a petróleo, foram forradas a papel. As salas nobres, a tons escuros; os quartos, a cores alegres.

As grosseiras portas de castanho, levaram esmalte branco, que tapou indesejadas imperfeições; e as inestéticas almofadas, das mesmas, substituídas por vidraças, alegradas a papel vitral.

Os velhos móveis foram cuidadosamente encerados e colocados harmoniosamente. As paredes guarnecidas de aguarelas e óleos, quase todos da sua autoria, já que cursara Belas-Artes. Completava a decoração, pratos de faiança e estatuetas oferecidas por artistas, que meu pai, como jornalista, ajudou a divulgar-lhes a obra.

Terminado o modesto arranjo, passou de simples trabalhador a abastado proprietário.

Os que o visitavam, gabavam-lhe a bela casa e saiam convencidíssimos que recebera herança ou lhe saíra a lotaria.

Até familiares, que conheciam seus proventos, estranhavam tanto “luxo”, e murmuravam, ente si, que estava rico, para ter casa assim.
Engraçado, se tem graça, é que empresários de sucesso e gestores abastados, comparando suas moradias, despidas de carpetes, de paredes nuas e móveis maltratados, invejavam-lhe o gosto; interrogando-se de onde provinha tais rendimentos.

Daqui se conclui, que ter bom gosto e lar cuidado, para muitos, é sinónimo de abundância e dinheiro.

Esse conceito, tão entranhado está, mormente em quem nunca viveu em ambientes de bom gosto, que torna-se difícil mudarem de opinião.
Para eles, casa cuidada é sinónimo de riqueza.



HUMBERTO PINHO DA SILVA   -   Porto, Portugal




publicado por solpaz às 11:04
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sábado, 2 de novembro de 2013

Consequências - Por João Bosco Leal


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 João Bosco Leal <artigos@joaoboscoleal.com.br> por  cli12668.p03me.com 
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Obrigado

João Bosco leal


Consequências

Um dente que brado durante uma briga, uma corrida, uma brincadeira e as mais variadas marcas adquiridas pelo corpo, são consequências de atitudes e comportamentos diversos, mas as cicatrizes, por não se formam em cadáveres, são belas e significam que sobrevivemos.

A quantidade de colegas e amigos adquiridos e os títulos de carismáticas ou sisudas dados a muitas pessoas, como tudo na vida, são consequências de seus comportamentos ao longo do tempo.

Os pais que educam seus filhos dando-lhes tudo sem que trabalhem, não estão educando, mas destruindo-os, pois serão adultos que não aprenderam a dar valor ao que se ganha com o próprio suor, a respeitar outras opiniões, cumprir regras, horários e que nunca aprenderão a sobreviver sem ajuda, principalmente a financeira.

Além dos homens que não saberão trabalhar, as mulheres que não foram preparadas para a vida, mesmo quando infelizes, muitas vezes se submetem a permanecer em casamentos fracassados simplesmente por não serem capazes de produzir para o próprio sustento.              

Como o esperado cronologicamente é que esses pais deixem de existir antes de seus filhos, estes passarão a pedir ajuda aos mais próximos, como avós, tios, irmãos, primos ou amigos, normalmente se fazendo de vítimas para abalar emocionalmente as pessoas de quem solicitam, mas independentemente do que contarem para justificar seus pleitos, suas histórias serão, certamente, consequências de algo que fizeram ou deixaram de fazer no passado.      

Não é justo nem digno, usar de subterfúgios emocionais ao solicitar ajuda como, por exemplo, lastimar-se por haver gasto uma fortuna com doenças porque, no mundo todo, as pessoas que querem ser atendidas em hospitais particulares e escolher o seu médico, precisam ter um plano de saúde, ou devem se conformar em serem atendidos pelo médico de plantão, na rede pública de saúde.

Muitas experiências nos fazem sofrer, mas ao mesmo tempo precisavam ter ocorrido para permitir nosso crescimento. Desde os primeiros passos a vida mostra que só após uma queda as pessoas aprendem a se levantar. Isso também deveria ensinar que, lastimar prejuízos financeiros não resolverá um problema cuja única solução é mais trabalho.

Um acidente automobilístico pode provocar invalidez temporária ou permanente, matar ou ainda causar danos físicos e materiais também em terceiros e por isso, não possuir um seguro veicular e de saúde é uma irresponsabilidade que poderá causar consequências irreparáveis.

Sejam maiores ou menores, todos têm os seus problemas, e jogar a culpa dos seus em outra pessoa ou querer que elas os resolvam é covardia. A AIDS, o vício em drogas, o alcoolismo ou uma gravidez indesejada, são provenientes de atitudes tomadas no passado e cada um deve arcar com as consequências de seus próprios erros.

Ao experimentar drogas, os que se viciam têm, como consequência, além da autodestruição, a dilapidação de seu patrimônio e, normalmente, também a destruição emocional e financeira de suas famílias.

Todos podem escolher quando, como e para onde irão, mas agindo contra os valores e princípios morais básicos, lá jamais chegarão da maneira desejável, pois o amanhã trará consequências de cada atitude tomada hoje.

Pense no que fala ou faz, pois algumas coisas na vida não possuem preço, mas certamente, todas têm troco.

João Bosco Leal*       www.joaoboscoleal.com.br

* Jornalista e empresário