segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

O passado e o aprendizado


30 de janeiro de 2012

* Por João Bosco Leal

Constantemente podemos perceber pessoas aflitas, tensas, com algo ocorrido em sua vida. Raramente se lembram que o que já ocorreu não tem mais como ser apagado, já foi. O máximo que podem e devem fazer, é buscar alternativas para solucionar algo que não saiu como esperado e acabou magoando ou prejudicando alguém ou a elas próprias.


É incrível como só com mais experiência e maturidade acabamos percebendo o óbvio, que não devemos nos repreender ou ficarmos tristes com o que ocorreu no passado, se erramos ou erraram conosco, se magoamos ou se fomos magoados, se sofremos ou fizemos sofrer. Nada disso poderá ser alterado, mas se realmente desejarmos, pode ser amenizado, tornar-se menos doloroso para quem quer que seja e servir de exemplo, que poderá impedir novos erros.


Toda experiência vivida, por pior que seja, possui um lado bom, o do aprendizado, infelizmente só aproveitado por aqueles que sempre ouvem e observam, buscando seu crescimento como seres humanos. Analisando o passado, com as experiências alheias é possível perceber atitudes mais ou menos convenientes, que provocaram diferentes resultados, em todas as áreas.


É uma ótima escola, onde podemos aprender muito, sem necessariamente termos que experimentar o que já não deu certo com outros. Entretanto, essa prática constante só é realizada pela minoria, os maduros e humildes, que conseguem, com exemplos passados, errar menos e acertar mais.


Os jovens invariavelmente ridicularizam esse passado, considerando-o uma fonte de informações ultrapassadas, e só com a maturidade perceberão como eles poderiam ter facilitado sua vida, se simplesmente tivessem tido a humildade de, olhando para trás, aprender com o que historicamente ocorreu na humanidade.


A análise histórica nos mostra os bons e os maus exemplos, os erros e acertos cometidos, facilitando nossas escolhas, das ações e atitudes corriqueiras e do caminho a ser seguido com maiores chances de sucesso. Apesar dos novos campos surgidos com as novas tecnologias, a história continua e permanecerá nos ensinando muito, inclusive na área comercial.


Negócios mais ou menos lucrativos já foram exaustivamente tentados, em diferentes países, pontos, climas e para as populações mais variadas, tanto culturalmente como por seu poder aquisitivo, mas ensinamentos óbvios, como o de só procurar vender para quem pode comprar, ainda não foram absorvidos por muitos.


Para nosso crescimento, é necessário, aceitarmos que tudo o que hoje temos e sabemos, devemos a tudo o que as pessoas, há milhões de anos, vem observando, experimentando e testando, nas mais diversas áreas. O que já passou está resolvido, mas se usarmos as experiências vividas como aprendizado, certamente encontraremos lições e exemplos para dúvidas posteriores.


Com a história da humanidade, o passado de outros ou o nosso próprio, aprendemos que amizades, paixões e amores provocam alegrias ou dores, e que quando machucam, não devemos ficar tristes, nos lastimar ou tentar consertar o que já passou, mas procurar não cometer os mesmos erros e continuar tentando, sem nos preocupar com muitos outros que certamente ocorrerão, pois foi com nossas quedas que aprendemos a caminhar.


Os que buscam realizar seus sonhos, tentam, erram, aprendem com os erros e continuam tentando, são os que constroem o mundo.


Aceitar os fatos e ocorrências de nossas vidas como o passado, é o primeiro passo para soluções futuras.


*João Bosco Leal - jornalista, reg. MTE nº 1019/MS, escritor, articulista político, produtor rural e palestrante sobre assuntos ligados ao agronegócio e conflitos agrários.


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sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

As podas e irrigações necessárias


27 de janeiro de 2012

* João Bosco Leal

Na juventude, é comum a ilusão de, durante uma paixão, pensarmos que já encontraramos o amor de nossa vida, a pessoa na companhia da qual gostaríamos de construir uma família, passar o resto de nossos dias, envelhecer.


Com o tempo vamos aprendendo que durante suas vidas as pessoas não permanecem as mesmas, passam por transformações à medida que vão vivendo, tendo por experiências, sorrindo ou chorando, ganhando ou perdendo entes queridos.


Observando, poderemos notar como, durante a vida elas mudaram, aprendendo ou não com o que viveram, com suas amizades, discussões, erros e acertos, em seu crescimento cultural, emocional, social ou financeiro.


Notaremos algumas que cresceram em todas essas áreas, outras em nenhuma, e as que subiram em algumas e decresceram em outras, como as que acertaram muito financeiramente, mas perderam em educação e humildade, viraram arrogantes. Podemos nos deliciar com o sucesso alcançado por uns e entristecer com os tropeços de outros, mas sempre será possível ver que todos continuam se transformando, moldados pela vida.


As oportunidades de conhecer pessoas e coisas, surgem diariamente, nos permitindo aproveitar cada uma delas para o nosso crescimento. Cada experiência vivida provoca um novo recomeço, agora sabendo mais um pouco e essa é uma das maiores belezas da vida.


A cada despertar poderemos encontrar uma nova pessoa ao nosso lado, não aquela com quem fomos dormir ontem, mas uma pessoa diferente, que após as os aprendizados do dia anterior, hoje pode olhar tudo por outro ângulo, concordando com coisas que havia discordado e discordando de outras com as quais concordava.

Essa pessoa, quando também vista de outra maneira, mais detalhadamente, pode estar se transformando em uma pessoa diferente da que conhecia, com quem vivia até ontem e se tornando uma pessoa pior, ou muito melhor.


Pode, com seu crescimento, ser agora aquela pela qual você deixará de estar apaixonado, mas a que realmente ama, bem mais profundamente, maduramente e essa sim, será a que na juventude você sonhava e que agora está se revelando.


Como uma casa sonhada por cada um, nossa vida está sempre em processo de transformação, seja na construção, acabamento, pintura, colocação dos móveis, decorada e finalmente, durante seu uso, sendo transformada de acordo com nossas necessidades do momento, repintadas, redecoradas ou recebendo um novo e pequeno adereço sobre um móvel, mas jamais terminará ou será exatamente como a do sonho.


Assim também são nossos sonhos em relação a amizades, namoros, paixões e o amor imaginado como o ideal. Passam por transformações, tanto em nossos desejos, quanto em suas realizações. Assim podemos estar sempre reconstruindo ou reformando algo para melhorar nossas vidas.


Os requisitos que desejávamos encontrar na pessoa com quem gostaríamos de dividir nossa vida também vão mudando com o tempo. Coisas antes importantes agora já não o são, enquanto algumas antes sequer imaginadas passaram a ser fundamentais, o mesmo ocorrendo com nossos parceiros, que deixam de se importar com muitas coisas, e passam a cobrar outras.


O aprendizado e o crescimento de cada ser humano certamente será interrompido antes de totalmente concluído, mas como uma jóia em lapidação, as pessoas vão melhorando a cada dia, e amanhã já estarão diferentes de hoje.


O relacionamento humano está sempre recomeçando, mas como uma semente já brotada, necessita de constante irrigação, podas, desbastes e apoios, para não perecer ou morrer, mas ter um crescimento sólido

*João Bosco Leal - jornalista, reg. MTE nº 1019/MS, escritor, articulista político, produtor rural e palestrante sobre assuntos ligados ao agronegócio e conflitos agrários.

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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Alíquotas do Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - a partir do exercício de 2012

Rendimentos do Trabalho:Link


Tabelas Progressivas para o cálculo mensal do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física para o exercício de 2012, ano-calendário de 2011.


a) nos meses de janeiro a março:

Base de cálculo mensal em R$

Alíquota %

Parcela a deduzir do imposto em R$

Até 1.499,15

-

-

De 1.499,16 até 2.246,75

7,5

112,43

De 2.246,76 até 2.995,70

15,0

280,94

De 2.995,71 até 3.743,19

22,5

505,62

Acima de 3.743,19

27,5

692,78


b) nos meses de abril a dezembro:

Base de cálculo mensal em R$

Alíquota %

Parcela a deduzir do imposto em R$

Até 1.566,61

-

-

De 1.566,62 até 2.347,85

7,5

117,49

De 2.347,86 até 3.130,51

15,0

293,58

De 3.130,52 até 3.911,63

22,5

528,37

Acima de 3.911,63

27,5

723,95


Tabela Progressiva para o cálculo mensal do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física para o exercício de 2013, ano-calendário de 2012.

Base de cálculo mensal em R$

Alíquota %

Parcela a deduzir do imposto em R$

Até 1.637,11

-

-

De 1.637,12 até 2.453,50

7,5

122,78

De 2.453,51 até 3.271,38

15,0

306,80

De 3.271,39 até 4.087,65

22,5

552,15

Acima de 4.087,65

27,5

756,53

Tabela Progressiva para o cálculo mensal do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física para o exercício de 2014, ano-calendário de 2013.

Base de cálculo mensal em R$

Alíquota %

Parcela a deduzir do imposto em R$

Até 1.710,78

-

-

De 1.710,79 até 2.563,91

7,5

128,31

De 2.563,92 até 3.418,59

15,0

320,60

De 3.418,60 até 4.271,59

22,5

577,00

Acima de 4.271,59

27,5

790,58


Tabela Progressiva para o cálculo mensal do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física a partir do exercício de 2015, ano-calendário de 2014.

Base de cálculo mensal em R$

Alíquota %

Parcela a deduzir do imposto em R$

Até 1.787,77

-

-

De 1.787,78 até 2.679,29

7,5

134,08

De 2.679,30 até 3.572,43

15,0

335,03

De 3.572,44 até 4.463,81

22,5

602,96

Acima de 4.463,81

27,5

826,15


Rendimentos de Capital:


Fundos de longo prazo e aplicações de renda fixa, em geral:

- 22,5% para aplicações com prazo de até 180 dias;
- 20,0% para aplicações com prazo de 181 até 360 dias;
- 17,5% para aplicações com prazo de 361 até 720 dias;
- 15,0% para aplicações com prazo acima de 720 dias;

Fundos de curto prazo:

- 22,5% para aplicações com prazo de até 180 dias;
- 20,0% para aplicações com prazo acima de 180 dias;

Fundos de ações:

- 15%;

Aplicações em renda variável:

- 0,005%;

Remessas ao Exterior: 25% (rendimentos do trabalho, com ou sem vínculo empregatício, aposentadoria, pensão por morte ou invalidez e os da prestação de serviços, pagos, creditados, entregues, empregados ou remetidos a não-residentes) e 15% (demais rendimentos de fontes situadas no Brasil); e


Outros Rendimentos: 30% (prêmios e sorteios em dinheiro), 20% (prêmios e sorteios sob a forma de bens e serviços), 1,5% (serviços de propaganda) e 1,5% (remuneração de serviços profissionais).


Fonte: site da Receita Federal – Clique aqui para conferir

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A necessidade da mão dupla

20 de janeiro de 2012

Por João Bosco Leal

Jornalista, reg. MTE nº 1019/MS

Na maturidade, após descobrirmos o que é verdadeiro amor, descobrimos também a necessidade de sermos amados.


Tenho observado pessoas maduras, que já descobriram o amor, encontraram a pessoa que amam, mas ainda assim não são totalmente felizes.


Isso me levou a pensar nos motivos pelos quais isso ocorre e na dificuldade da existência de um amor completo para uma pessoa.


Na juventude raramente se ama. Temos atrações e paixões, mas o amor profundo, mesmo quando iniciado com uma paixão, só virá com a maturidade, quando as pessoas passam a entendê-lo de outra maneira.


Esse amor envolve cuidados, atenções, carinhos e preocupações constantes com a felicidade e o bem estar de seu parceiro. Só amamos verdadeiramente uma pessoa quando a queremos ver feliz, mesmo que não seja conosco.


Entretanto, para que esse amor seja completo, tornando feliz também aquele que ama, esse sentimento necessita ser retribuído na mesma proporção que se dá.


Os cuidados para com nosso parceiro necessitam de uma resposta e, portanto, é necessário que ele entenda que, se quer ser cuidado, também precisa cuidar.


O casal só será completamente feliz quando o amor ocorre em mão dupla. Se a dedicação, o cuidado, o carinho e as preocupações só ocorrem de um lado, ele certamente se cansará de só fornecer, sem nada receber.


Os detalhes na convivência diária de um casal poderão transformar a paixão em amor, mas se isso lhe ocorrer e seus cuidados não forem retribuídos na mesma proporção que fornece, provavelmente estará amando quem só sente admiração, paixão, tesão ou qualquer outra coisa, mas não amor por você.


Vejo pessoas que praticamente se anulam, deixam de fazer o que gostam, fazem o que não desejam, ou o que gostam pouco, na tentativa de agradar seu companheiro, mas acabam percebendo que, em situações semelhantes, o mesmo não ocorre no sentido inverso.


É fundamental que quando estamos amando não nos anulemos, pensando exclusivamente no parceiro, sem cuidar de nossa própria felicidade, pois acabaremos sem brilho próprio para sermos amados por nosso par ou por outra pessoa.


A atenção com o outro deve ser equilibrada com aquela dispensada em nossa própria felicidade, pois nem uma grande dedicação ou carinho será suficiente para que nos amem se esse amor não existir.


Só com a maturidade se consegue perceber a profundidade e amplitude do sentimento por nós já confundido com outros que já experimentamos, mas agora conseguimos entender que não era o verdadeiro amor, que só alguns terão a chance de realmente viver.


No verdadeiro amor, as rugas serão admiradas como marcas de experiências vividas e não como traços físicos da idade. As cicatrizes nos lembrarão de histórias vividas, jamais como esteticamente prejudiciais. A barriga, a celulite, a falta ou a cor dos cabelos já não serão tão importantes, como já foram na época em que o amor ainda era uma paixão.


Quando se ama, as pequenas indelicadezas, se ocorrerem, serão desconsideradas, superadas pelas diversas atitudes inesperadas de carinho e afeto demonstradas no dia dia.


No amor, a lembrança do ente querido é uma constante, mas não como nas paixões, quando ocorria aquele desejo louco de estar junto, tocar, apertar, beijar ou até morder. Agora ela é mais tranquila e normalmente é observada em pequenas atitudes, como na aquisição de determinada fruta encontrada no supermercado, que não lhe é muito apetitosa, mas seu parceiro gosta muito.


A maturidade mostra não só o verdadeiro amor, mas a necessidade de reciprocidade nos cuidados, para que seja duradouro.


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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

O espantoso silêncio sobre Nem

13 de janeiro de 2012

Por João Bosco Leal

Jornalista, reg. MTE nº 1019/MS

Dois meses atrás a imprensa brasileira divulgou, com muitas manchetes, a prisão do traficante Antonio Bonfim Lopes, conhecido como Nem, ocorrida em 10 de Novembro de 2011.


Quando tentava fugir do cerco policial à Favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, onde era o chefe do tráfico de drogas, o carro onde o traficante era transportado foi interceptado e os dois homens que estavam no veículo se negaram a abrir o porta-malas do mesmo, onde estava Nem.


De acordo com as declarações dos policiais, os dois se apresentaram como um funcionário da embaixada do Congo e um advogado e que, diante na negativa em abrir o parta-malas, teriam decidido escoltá-los até uma delegacia.


Durante o trajeto, porém, os ocupantes do carro pararam na região da Lagoa e propuseram pagar entre R$ 20 e 30 mil reais para que os policiais os deixassem ir embora. Com a recusa, a proposta chegou a R$ 1 milhão de reais.


A Polícia Federal foi chamada, o porta-malas aberto, o traficante detido e com o apoio da Coordenadoria dos Recursos Especiais (Core) na ação, levado em comboio para a sede da Polícia Federal na Zona Portuária do Rio, com toda a imprensa acompanhando.


Tamanho aparato policial, a enorme divulgação e a posterior entrevista coletiva dada pelo secretário estadual de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, determinava a importância da prisão.


Declarações de que a espinha dorsal do tráfico havia sido quebrada, que o maior traficante do Rio estava preso e a importância de sua prisão para se chegar outras centenas de nomes envolvidas com o tráfico foram dadas para todos os veículos de comunicação.


Após sua prisão e também de sua mulher, Danúbia de Souza Rangel, ocorrida quinze dias depois, soube-se que o traficante movimentava R$ 100 milhões por mês e que metade desse movimento era destinado à corrupção policial.

Mesmo para o chefe do tráfico, é muito dinheiro para crermos que não existem pessoas muito mais poderosas por detrás dele, um homem com baixíssima instrução e que mesmo movimentando todo esse dinheiro, continuava vivendo na favela e usufruindo muito pouco desse volume de dinheiro, o que não condiz com o comportamento humano natural de melhorar seu padrão de vida a cada elevação nos ganhos.


Pessoas muito mais poderosas e influentes é que são os verdadeiros chefões, que dominam o mercado da droga no Rio de Janeiro e outros em outras partes do país, mas que não aparecem. Colocam os “Nem” como sendo os chefes para que estes façam o serviço sujo por eles enquanto isso lhes interessar. Quando contrariados, esses chefões simplesmente “eliminam” o chefe, substituindo-o por outro que siga suas regras.


Em uma roda de amigos no fim do ano, um médico, analisando o poder e a influência das pessoas envolvidas tanto no tráfico como no consumo, lembrou de como um assunto dessa magnitude já estava totalmente abafado menos de dois meses depois, sem mais nenhum tipo de comentário por qualquer veículo de comunicação da imprensa brasileira.


Nem as declarações dadas pelo Secretário de Segurança Pública, de que agora saberiam mais sobre o tráfico, tiveram continuidade na imprensa. O que Nem disse? O que foi descoberto? Porque o silêncio? A podridão é tão grande que a população brasileira não pode saber? Onde está a democracia e a liberdade de imprensa? Ou ela também foi corrompida?


O silêncio sobre o assunto “traficante Nem” é uma prova inconteste, de que a podridão em nosso país atingiu níveis inconfessáveis.


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quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

A música clássica ensurdece a democracia caótica

terça-feira, 3/1/2012


Wellington Machado





Crença de criança dificilmente é removida com argumentos adultos. Quando a mais inocente das mentes infantis em formação - a "tábula rasa" de John Locke - é preenchida por uma ideia ou teoria contrária aos ensinamentos dos adultos, dificilmente se consegue reverter a situação. Dia desses fui surpreendido por meu sobrinho com a seguinte frase: "Tio, sabia que música clássica pode provocar surdez?" A informação me remeteu automaticamente a Beethoven, e tentei dar o troco: "Não, você deve estar fazendo confusão; o compositor Beethoven é que ficou surdo". Mal acabara de falar e ele me tascou o seu livro de escola na cara, com uma pequena nota de canto de página (uma espécie de "janela de curiosidades"), avalizando sua afirmativa. Era um livro de ciências e, possivelmente, a matéria versava sobre os agudos provocados pelo violino ou outros instrumentos da orquestra. Admirador de música clássica que sou (e meu sobrinho sabe disso), não tive como contra-argumentar. Foi sua vingança, já que ele não curte muito o estilo.


Não vou citar aqui o nome do livro adotado na escola de meu sobrinho - na verdade trata-se de uma apostila, um dos volumes de uma espécie de "pacote educacional" padronizado, contendo todas as matérias; muito comum nas escolas atualmente. O material é de ótima qualidade e eu seria leviano se o condenasse por uma notinha de curiosidades. Prefiro encarar a informação como um deslize, que poderia ser evitado, já que inúmeros exemplos poderiam ser citados ali. Mas, por mínima que seja, a nota correu o país nas escolas que adotaram o livro.


O Brasil não é um país paradoxal; mas é um país exótico. O improvável parece conspirar a nosso favor, transformando em sucesso as mais remotas ou estapafúrdias possibilidades. Em recente perfil da nossa presidente na revista New Yorker, o país foi considerado uma "democracia caótica", com problemas estruturais graves, apesar do crescimento econômico dos últimos anos. Crescemos economicamente, mas somos um arraso social. Somos um carro novo rodando a todo vapor com combustível de quinta categoria. Mesmo com toda a crise na Europa, que reflete na economia mundial, o Brasil ainda cresce, ainda que timidamente.


Há muito que a economia predomina, em nível mundial, sobre a política e a cultura. Não há mais uma completa soberania do estado; todos os líderes têm de basear suas decisões nos humores dos mercados, sofrendo pressões de grandes conglomerados financeiros que atuam além das fronteiras. Haja vista as mudanças no comando dos países europeus, alçando ao poder tecnocratas "mais competentes" em lidar com as finanças.


Ouvir que o Brasil é um país emergente nos encanta. Estamos perto de concretizar a velha profecia de que éramos (quase somos, agora) o país do futuro. Darcy Ribeiro, em sua obra um tanto ufanista, O povo brasileiro, já adiantava, no início dos anos 90, que a vez do Brasil chegaria, muito em função da sua mistura de raças. Para o antropólogo, o povo brasileiro é um povo ímpar, sem igual em todo mundo; um povo criativo por obra do mestiçamento.


Esse predomínio do econômico, em particular no Brasil, impulsiona o país independentemente do seu desenvolvimento cultural. Temos na ciência, na literatura, nas universidades e hospitais, personalidades mundialmente famosas. Mas são exemplos muito pontuais. A maioria dessas "cabeças" é proveniente de famílias com uma certa estrutura material, ou seja, tiveram suporte para chegarem aonde chegaram. Temos boas universidades, mas a melhor delas (a USP) não está nem entre as cem mundiais.


A tal "democracia caótica" leva a nossa organização social (habitação, ruas, transporte particular e coletivo etc.) e o nosso sistema educacional a seguirem o mesmo caminho do caos. Amargamos o 84º lugar no IDH mundial. Os dois governos pós-ditadura, ocupados por um intelectual e um ex-operário, fracassaram na redução substancial da desigualdade social - os avanços foram modestos pelo que se esperava. Não conseguimos superar o velho "Princípio de Pareto", a tal "relação 80-20", onde uma pequena parcela da sociedade detém um naco enorme do bolo coletivo.


Enquanto o Brasil cresce economicamente - e carece cada vez mais de capital intelectual -, ocupamos a vergonhosa 88ª posição no ranking mundial de educação da ONU. Certamente teremos de importar mão de obra qualificada nos próximos anos. Os jovens alunos asiáticos, de países também emergentes, estudam em horário integral. Nós não temos essa tradição e disciplina.


Economia e números à parte, concentremo-nos em um outro tipo de caos: a cultura. Causou-me espanto o abrangente e criterioso artigo do Affonso Romano de Sant'anna, na edição virtual do jornal Rascunho. O poeta traçou um excelente panorama da crise editorial brasileira. Ele chega à conclusão de que não temos livros demais, mas leitores de menos. As editoras não têm mais onde colocar as sobras de suas edições, que ficam encalhadas e armazenadas em galpões alugados. O número de leitores brasileiros é vergonhoso - e os que se interessam pelas letras leem poucos livros por ano. Que a chegada dos kindles e tablets da vida nos salvem!


A crise editorial brasileira a que o Affonso se refere me fez pensar sobre a real importância dos livros, em especial os romances. Lembrei então das palavras de Mário Vargas Llosa, em ensaio publicado na Revista Piauí, em defesa do romance diante da supremacia tecnicista: "Vivemos numa época de especialização do conhecimento, causada pelo prodigioso desenvolvimento da ciência e da técnica, e da sua fragmentação em inumeráveis afluentes e compartimentos estanques. A especialização permite aprofundar a exploração e a experimentação, e é o motor do progresso; mas determina também, como consequência negativa, a eliminação daqueles denominadores comuns da cultura graças aos quais os homens e as mulheres podem coexistir, comunicar-se e se sentir de algum modo solidários."


Paralelamente à questão literária, volto à "vingança" do meu sobrinho, acerca da música clássica - que parece não ter muito prestígio entre o povo criativo de Darcy Ribeiro. Os quinhentos e poucos anos de idade do Brasil (um país muito novo, portanto) podem justificar a nossa pouca tradição no gênero e no hábito de ler. Talvez seja tarde para atingirmos os "denominadores comuns da cultura" que nos solidariza, já que somos parte desse "motor do progresso" citado por Vargas Llosa.


Não sei por quê, mas sempre que penso em música erudita no (e para o) Brasil, lembro do programa nacional de incentivo à música clássica da Venezuela (logo o país do pseudo-democrata Hugo Chaves!), voltado para o desenvolvimento musical de crianças carentes. O programa é copiado por vários países e revelou ao mundo um dos seus maiores maestros: Gustavo Dudamel, de 30 anos (hoje, diretor da Filarmônica de Los Angeles). E é duro também lembrar que a Venezuela é também um país "novo", como o Brasil.


Existem, é fato, várias ações esparsas em vários pontos do Brasil. Em Ouro Branco (MG), a Casa de Música faz um belo trabalho de formação de músicos. A escola conta atualmente com mais de 200 alunos que, além de se apresentarem regularmente na cidade, participam de festivais de música erudita em várias cidades. Outra boa iniciativa é a escola Mata Virgem, em Xerém (RJ), fundada e mantida por Zeca Pagodinho. Vez ou outra tomamos conhecimento de projetos desse tipo, o que é um alento. Mas falta um projeto nacional, bancado pelo Governo Federal. Contribui muito para o nosso "caos democrático" um orçamento que destina ao Ministério da Cultura uma fatia que não chega a 1% do arrecadado pela União.


Literatura, música de qualidade, museus, cinema, teatro etc. são ingredientes para o apuramento de algo essencial para o bem estar coletivo: a civilidade. Não adianta termos dinheiro sobrando no bolso, carros reluzentes nas ruas, e estacionarmos na vaga de portadores de necessidades especiais, quando não os somos - se é que me faço entender. Necessitamos de um sonhador como Fitzcarraldo (Werner Herzog, 1982), que cultive uma obsessão em nome da arte. Será que correremos o risco de, com poder aquisitivo, consumirmos tecnologia de ponta mundial e não termos conteúdo pra colocar ali dentro?


Wellington Machado

Belo Horizonte, 3/1/2012



Fonte: Digestivo Cultural – Clique aqui para conferir este artigo

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

O Ocidente está prestes a declarar guerra à China!!!!!





Por Giuseppe Tropi Somma, empresário e presidente da Abramaco.

*Reprodução liberada*
GIUSEPPE@CAVEMAC.COM.BR




A economia ocidental realmente está em profunda crise e todos querem culpar a China. Mas a China não tem culpa nenhuma. Ela apenas retirou o pano sob o qual se escondiam os resultados negativos que as falsas políticas sociais produziam no Ocidente. É necessário ter política social, mas isso é tarefa do governo e não se pode impor tal tarefa ao cidadão que cria empregos. Quando se cria vantagem para uma pessoa e desvantagem para outra, é óbvio que se cria um desequilíbrio operacional, e um dia a conta chegará ao próprio beneficiário. As políticas sociais, no âmbito trabalhista, são 100% originárias da demagogia política, porque são direitos artificiais oferecidos às custas de quem, ao criar emprego, já está praticando o maior ato social, ele é um assalto institucional que obriga a vítima (o empregador), do qual o assaltante (o governo) espera um repasse da parcela em forma de "voto". E chamam isso de política social. Puro engano!

A verdadeira política social é quando toda a sociedade, representada por seu governo, se mobiliza para ajudar quem necessita, mostrando como deveria realmente ser eficiente com a saúde, a segurança, a educação, para seus cidadãos contribuintes. Mas ele não o faz, para priorizar com mais recursos os salários milionários do corporativismo do Estado; para alimentar a corrupção e acobertar a incompetência administrativa, expressa na má qualidade dos eleitos pela maioria inculta ou inconsciente de eleitores.

Nós só temos que agradecer, e muito, à China.

Quando um político fala que mais de 40 milhões de brasileiros chegaram à classe média nos últimos anos não é porque o poder de compra deles aumentou, mas é porque o produto do sonho de consumo deles tornou-se muito barato e acessível, graças à China. Não fosse pela China, nós estaríamos pagando mais de R$ 500 por uma camisa e não R$ 25. Uma chapa de agulhas para máquina de costura reta, que há 30 anos se importava do Japão por US$ 6, e se vendia por R$ 30, hoje se importa por US$ 0,20 e se vende por R$ 1. Tudo isso porque a China tem uma carga tributária entre 10% e 12% do PIB, e não 40% como a nossa. Porque o chinês ama o seu trabalho e sua produção de um dia vale por cinco dias de produção de um trabalhador ocidental. Produz bem e barato porque vende apenas seu trabalho e não leva para a empresa empregadora obrigações produzidas pelos direitos artificiais. Na China recolhem-se apenas tributos para a previdência social.

Prestem atenção para uma realidade:

Quando uma pessoa vai trabalhar para uma empresa, só fica preocupada com os direitos, como vale-transporte e alimentação, direitos de maternidade, paternidade, férias, 13º, PLR, etc., e reclamando de trabalho escravo, movimentos repetitivos, acúmulo de funções, pressão psicológica, carga horária rigorosa, riscos... Mas quando essa mesma pessoa decide montar o seu próprio "ganha-pão" ela passa a trabalhar 15, 16 horas por dia, visando a uma grande produção e boa qualidade. Quem é que está lhe tirando os direitos? Simplesmente não existem direitos. Existe sim, a grande perspectiva de ser bem-sucedido, porque o sucesso só se alcança com muito trabalho. E lá na China essa filosofia não é de uma pessoa, mas de toda a nação. É no trabalho que os chineses estão encontrando a solução de todos os seus problemas.

Então o nosso inimigo não está na China, mas dentro de casa. Em tudo o que torna o nosso produto mais caro.

Pior que, em pleno século 21 ainda há "caras de pau" insistindo em novas leis, querendo reduzir a semana de trabalho de 44 para 40 horas semanais, e que, com o Projeto de Lei 3941/89, já conseguiram aumentar o tempo de aviso prévio em até 300%, para onerar ainda mais o trabalho. Demagogia não falta para encarecer ainda mais o custo do Brasil.



Fonte: AD CONSULTORES – Consultoria e Teinamento Organizacional – Clique aqui para conferir

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

TEMPO






Tempo, Primo-irmão do espaço.
E eu passo o tempo imaginando esses dois.
Primeiro, o tempo. Segundo, o espaço.
Dos filhos do primeiro, um nasce a cada instante,
exaltando a maternidade.
Seu nome é futuro.
Não obstante a eternidade,
O outro, diminuto, consciente,
morre de minuto em minuto.
Seu nome é presente.
O mais velho, valente e cansado,
vive vivo em memórias.
Seu nome é passado.


(Primeira estrofe dos versos de autoria do poeta e publicitário Edson Paulucci, extraída do seu livro de poesias “Doce Febre”, produção gráfica da Novotempo Publicidade. Impressão e acabamento da Gibim Gráfica Editora, Campo Grande, MS, 1995)